terça-feira, 3 de julho de 2007

Matérias

Laranja era fogo, ácido e a cor do cabelo (desejada)
Verde eram olhos, campos e personagens de suas risadas
À azul o céu borrado com o branco sem definição.
Vermelho era a fruta e a cor que transpassaria uma correnteza para aquele dia...


E então os dois deitados. Corpos que dividiam o espaço para serem juntos, por si.
Na altura direta de olhos, rostos com todos os traços alinhados, opunham-se à postura extraviada do correto, disciplinado.

Ela sempre gostava daquele momento. E ele também. Estavam juntos, e isso era um fato bom de se dizer até consumir - nem que fosse só por acreditar, era.
Ali não existia espaço de tempo para ceder a possibilidade sôfrega da ilusão. Ao menos na linha direta de um desejo não era. Nem no fluxo do silêncio. E a corrente que formava a aura das sensações, em grilhões de lembranças póstumas.
Tempo que passou e ela anunciara quando passou a dizer aquilo que dentro de si palpitava longíquo, mas perto dele, especialmente, perdia as leis da condição da física.

Começava com idéias subjetivas que aquela atenção inocente lhe fazia perder a diplomacia e acabar em profundos desejos, medos daquela sombra de tempo e falta de sustentação. Lhe expunha todas as questões já resolvidas, das quais ele com sua docilidade sensata só apontava os pontos finais guiando as mãos dela com um olhar.

Seu amor triunfava com uma aproximação tão cheia de ternura que nela acomodava fundo; aquele receio de cravar e não-mais sair, posta a condição do não-durar, o tremor de machucar era incalculável. E na perdida velocidade da expressão intensa, a medida resguardada da angústia se fez em lágrimas explosivas que ele secava com o aconchego de seus ombros e amor imponente na compreensão abrigada.
Ele a fazia pensar em só sentir, e suas angústias forjadas pelo carinho se desistiram; aquela manhã tão cinza se passara nos olhos de cor diferente que a fez vivenciar o período, mãos de produção colorida, mosaico do coração.

Ela acabou adormecida pelos gestos que deslizavam as curvas abissais do amor. Feitas pelas mesma mão e mesmo desejo. Não dava mais tempo pra fugir e nenhum atalho se parecia fugidio, e nem tinha forças no corpo estirado e peito aberto.
De qualquer modo, era mesmo amor.


E ela não esperava mais contar com as possibilidades. Porque a espera é um ensejo do tempo, e ali ele não existia.
Se havia o medo da sustentação, que deixasse o amor a consumir; se arrebataria um peso e pronto estaria o vôo.
Com as mesmas asas que a densa noite lhe fornecia no acalento das mãos preciosas que a embalava na opressão inocente do amor inexpressivo. Porque era só naquele momento e aquele olhar que ela via na vontade de suas mãos que completavam o ensaio deste instante.

Eles então se sabiam no tempo que para o aconchego não existia, no intervalo de tempo do pensar na rotina e libertação dos corpos com o salto da alma para aqueles mesmos corpos; concede a alma no dia que pesa a mente pensante.


Não larga nunca minha vida, surto de amor prestante!


Assim ela esperava que ele sonhasse na sua companhia. Deitada sobre as cobertas que no peso do corpo delinhavam a figura dela sozinha.
E alinhada pelos par das mãos, dos pés fugidios, e todo o corpo que de coração à alma figuravam no par a expressão dos sonhos, e da fantasia realista que nele se encontrou.
Assim se acabava sem a ilusão de um final feliz; pois batia o sono e o ponteiro desgastante do relógio propõe as matérias em cada lugar que se apetecia, e o chegado momento de dizer o que lhe guarnecia...Nos dois à par das matérias, que fica simplesmente dita e sentida com expressão de sorriso e calor: te amo.




Na matéria estalida de gelo, fogo, pedras, aconchego e espera; são fluxos, ventos, sorrisos e um fluxo de entrega dada pela intensidade do nosso sopro.
Ânimo de amor, caminho de isopor. Branco para coloração ficamos aquarelando os sentimentos na paisagem de cada instante nos dado. Se posso sonhar, não me frusto com tua não-chegada.
O corpo se degrada, e a alma... ressalta.



"(...) Tu cairás comigo como pedra na tumba
e assim por nosso amor que não foi consumido
continuará vivendo conosco a terra."
(
(Pablo Neruda)



Um comentário:

Home Made Brownies disse...

Ah..

Tá lindo, mas uma coisa me encomoda..=p

troca a fonte

xD

;***