quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Uma primavera vivida.

Obra por Andréia Peres Batista, Meow by Miu

Vide um dia,
uma moça estirada sob a grama,
de cor de extensão de seus olhos
Sua pele como uma poça de sol,
era fonte que doava a luz emanada em todo lugar
E respirava partindo suspiros como bolhas de sabão intactas

Enquanto os gatos,
saltitavam pelo jardim à fora,
entre tulipas e seus dentes-de-leão,
florescendo curiosidade, partindo folhas ao chão

E a vida fluia como recriava
o cenário da fusão dos mundos
de cada pequena criatura numa estação só,
e plena harmonia

Por trás de uma flor, era gato,
Do gato, a mão da moça,
Da pele, o sol,
Do vento, a flor,
Da flor, a cor,
e da grama o olhar...

E assim que um vinha,
o outro voltava;
lá no fundo espelhado um diverso vivenciar,
como uma imensa roda-gigante...
e seu doce flutuar.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Último andar

A vertigem de cima; do andar, do olhar, da origem, de estar acima dos pontos mortos que se vê focando, tão longe que nem o atrito da esperança em si lhe provoca o alvo de atingir - é só um pouco de paz que dá vontade de ser sublime.
A espuma de um café, a garganta com o vivo amornado nos gestos do dia a dia, entre o horário de verão e o vento frio que desatina a letra no papel. Sílabas e lentas letras se precipitam logo a fora; a vida flagrada em princípios coletivos, logo um desabafo e já não está mais só.

E a narrativa que lha consome devagar. Um dia lindo e mais mesmice a expulsar a vida. E o próprio medo consentido.
É um pouco de saudades, outro tanto de desânimo, horas lentas, café... e mistura pouca de tanto, que dá embrulho no estômago.

Porções entre possibilidades. E mais um dia e o tempo só,
soando, entre ventos e pairagens, que as palavras
abrigam como vasos solitários de flores a brotar...
estações e perseveranças que nem sempre calçam o mesmo par.
justo quando disseram que dois não são só uma medida...

...ela multiplica a vaidade e constrói um refúgio pra si,
não mente, mas a que não se lembra respira, adormece
e o sonho está por vir.

Photo by Julia Iwo

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Realidade e comprometimento

(Carta enviada aos vereadores da cidade de Blumenau, reinvindicando o valor do projeto do Fundo Municipal de Apoio à Cultura)

Caros Senhores Vereadores,
eis o momento de falarmos em aberto sobre valores e condições, além dos projetos propostos, das leis executadas, e das taxas e das calçadas que vivenciamos como ponte essa que nos liga; com o uso e perdão da palavra. Não me vejo na obrigação de me utilizar de licença poética para me referir ao que nos é essencial: Nós, como cidadãos, de carne, osso, necessidades e voz - pra retificar e proteger o que nos custa e que ao mesmo, nos faz de direito. Direito, palavra de lei, de respeito, de DIGNIDADE, um belo pressuposto pra discursar, mas de uma face muito diferente de quem vivencia como consequência.
A consequência, lógica de uma ação, que na atmosfera social se parte da ambientação - antes mencionada, com projetos, obras, realizações e afins que ligam os cidadãos escolhidos, os ocupantes de cargos públicos empelidos à essa jornada, e, que por vezes se referem apenas como aos que optam por fazê-la, como se agora, do discurso a licença poética matasse as necessidades e eliminasse por figuração existencial tudo o que anteriormente fora muito bem compreendido e planejado pra ser diferente, e nesse desfalque, sente-se o infortúnio da sociedade que os escolheu.
Assim é que a análise das mudanças ocorridas por crescimento e realização de muitos fatores, hoje muito se parecem diferentes da demanda necessária para prover o que está sendo trabalhado - ou pelo menos o suficientemente para sustentar esse dizer. Enquanto a visualização dos que realizam (ou deveriam realizar) se vê às campanhas em seus caminhos para progredir, os que vivem essas escolhas precisam ser transgressores das dificuldades com paciência e virtude pra contornar tudo; mas e a ponte que nos liga, por quê agora não faz jus ao que realmente é?

Essa minha fala cheia de recurso não faz nem diz por menos, quando se concretiza
e tudo que já ouviu e se sente restante de um discurso e da falta de vivência nos projetos e no retorno que não nos chega. Falo sem surpresa do Fundo Municipal de Apoio à Cultura da cidade de Blumenau, que de miseráveis considerações tem sido um dos recursos mais vergonhosos pra demanda que nos compete e que claramente sofre recusa e descaso de quem mais poderia e deveria prover dela.
O arbítrio que não falta à classe artística em cortornar as dificuldades e realizar os feitos que são seu alimento e dedicação; mas as mesmas pautas que referidas belamente num discurso não alimentam salário, não ambientizam moradas, não pagam impostos, não criam espaços, não educam, não divertem e tampouco possibilita a sociedade de usufruir da sua própria capacidade. E os potenciais sem credibilidade são ambientes mortos, são prédios vazios e precários, cheios de
lenda, mas que não fazem história e nem emancipam a dignidade que nos foi posta.
Até porque não precisamos de promessas, e sim de possibilitações; que nos vem agora, entre leis, projetos e acima de tudo, bom-senso por quem tem a autoridade de fazer pelo que se dispôs.
Hoje temos dados, temos recursos, temos a demanda necessária pra isso se suprir com a integridade que dispõe: um projeto de lei, capacitados à ela e responsáveis por ela.
Que possa mais um apelo como este, colocar a tempo as pautas ao que se deve e precisa.
E ainda que esteja eu, utilizando-me de todos os recursos metafóricos que encontrem e desejam constatar nesta reivindicação, há acima de tudo tem uma frustração contada por mais uma voz que vivencia este fato que lhes recorro; mas que se vê muito possível de mudar, assim que encontra seus responsáveis e solução.

É uma voz entre a demanda inteira de artistas e demais agentes que se tornam impossibilitados de vivenciar o que é de direito, de dignidade, de construtivo para uma sociedade muito além da sustentabilidade preescrita em fundamentos estatais e políticos; a significância dessa postura é um valor de agente claro, dessa entrega em carta e apelo totalmente possível ao que as vossas considerações realizarão.
O futuro se escreve agora sim, com a possibilidade que 300, 400 ou 900 mil reais fundamentam, mas não serão capazes de calar ou sustentar - porque a vitalícia de todas essas vozes são ações de pessoas comprometidas e sem medo de identificarem-se dignas de recursos; sem o ciclo do tempo, não há terra que fertilize, e mãos sem ferramentas também não cultivam; nossas mãos estão estendidas, esperando o que é nosso - pois justo, que se façam dignos do que as vossas posturas pedem.

Pelo dia 23 de Setembro, aonde podem modificar na Câmara,
o alcance do Fundo Municipal de Cultura, em nome de tudo que fora dito e é real.


Atenciosamente,
Cláudia Iara Vetter.

(Manifeste-se também!
Contatos:

Vereador ROBERTO TRIBESS - betotribess@camarablu.sc.gov.br
Vereador FÁBIO ALLAN FIEDLER -
ff@camarablu.sc.gov.br
Vereador JOÃO JOSÉ MARÇAL -
zemarcal@camarablu.sc.gov.br
Vereador ANTÔNIO JOÃO VENEZA DE SOUZA -
veneza@camarablu.sc.gov.br
Vereador DEUSDITH DE SOUZA -
deusdith@camarablu.sc.gov.br
Vereadora HELENICE G. M. LUCHETTA -
helenice@camarablu.sc.gov.br
Vereador JOSÉ DE SOUZA - "ZECA BOMBEIRO" -
zecabombeiro@camarablu.sc.gov.br
Vereador JOVINO CARDOSO NETO -
jovino@camarablu.sc.gov.br
Vereador MARCELO SCHRUBBE -
marceloschrubbe@camarablu.sc.gov.br
Vereador MARCO ANTÔNIO G. M. WANROWSKY -
mailto:wanrowski@camarablu.sc.gov.brr
Vereador NAPOLEÃO BERNARDES NETO -
napoleao@camarablu.sc.gov.br
Vereador NORMA T. DICKMANN -
normadickmann@camarablu.sc.gov.br
Vereador VANDERLEI PAULO DE OLIVEIRA -
vanderlei@camarablu.sc.gov.br
Vereador VANIO FRANCISCO SALM -
vanio@camarablu.sc.gov.br )

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O sintoma e a caligrafia.


A carta


Eu quero fechar os olhos e te guardar em mim pelos instantes últimos que eu for te conceber... mas, o pior é que as pálpebras se cerram tão rapidamente que no mesmo curso chega um ardor e me arrebata - com já tanta saudade que os olhos desaguam;
e tu não se esvai, te transforma em leito.

O rascunho

Eu quero fechar os olhos e lembrar apenas o que vi, pouco antes de me fechar na sombra das pálpebras, na minha escuridão - e é por isso que te chamei até aqui.

Pensamento

Entenda que o que eu posso fazer por ti é a tua existência mais nobre dentro de mim, e tu és assim, a preciosidade que reluz de todo lume a primeiro raio solar pela cortina do meu quarto; és o começo e fim da aurora do meu dia; com a entrega que só as flores, o vento, o meu perfume que teu cheiro combinado fez mais especial - é sentido natural para que eu durma; me alimente; escreva; expurgando minha alma lhe rabiscando como o preciso do começo de um fim, o tom de cada dia como a que renasço e retrocedo, à espera como à volta e ao que segue, nossos dias muito mais que um calendário.
E nenhuma súplica reflete ou mede, ou que apenas um inspiro puro de vida lá fora, infla os pulmões e vive o que inspira, como se dissesse teu nome lento e tão naturalmente que nenhuma palavra seja precisa de verdades provadas - já que a boca menciona na carne seu próprio alimento.
Aprecias a assinatura calada, que explana toda a verdade com o vento: vem e transforma sem pedir, porque é forte e justa, funde o puro em seu próprio ponto final - vida concentrada, afinal.


"(...) Tu, manejando o sintoma de minha caligrafia
E encontrando na areia do caderno
As letras extraviadas que buscavam tua boca
(...)"

(Pablo Neruda)

domingo, 25 de julho de 2010

Quando as luzes se apagam, e a visão se torna memória e vontade de apalpar, são as mãos que se tornam donas do ambiente, e o corpo transborda... E tuas mãos bem sabiam.
Assim que o interruptor último que sinalizava a vida em casa dizia que a prontidão estava no ar, sua respiração já ficava mais cálida, e alguns instantes no silêncio me faziam adivinhar teus pensamentos, e um prazer que se entende punha um sorriso no canto de minha boca, -também quero devorar-te.

E não demorava muito mais pra fome salivar acima do fruto... derretia, devagar o espaço entre os corpos, e as tuas mãos vinham de protidão na minha cintura, contornando fácil o delineado de uma duna, miragem perfeita que escorregava os poros entre os dedos, matéria fácil para arrepio - e eu não deixava escapar, logo um afago me fazia aproximando-me de você, e para a boca o contato; no pescoço o presságio do beijo. Um suspiro tímido pedindo a descoberta, as roupas eram arrastadas pelos dedos (já eram dentes daquela boca faminta) e vorazes retiravam as pétalas para chegar a essência pura, o aroma do corpo enlouquecendo, trazendo mais...
Gosto nosso que inspirava o movimento dos braços e mergulhava a tua cabeça assim que minhas mãos enlaçavam tua nuca e direcionava mapa para tua boca que do meu queixo ligava-se ao colo e de repente, num instante de deleite adocicava-se nascendo entre os seios, cálida origem da vida.

Os meus dedos se pe(r)diam entre os fios de teus cabelos e tuas mãos nos quadris provocavam mais, eu movia-me toda ao teu fluxo, que num susto me fazia em teu compasso e inquietava-me dos pés à cabeça, contorcendo a grandeza do prazer e me irrompias; como mar em fluxo constante, num momento urgias até minha boca e o corpo chocava-se em nova onda ao teu, teu porte forte me enlaçava tão ávido que imaginava nossos corpos fundirem-se e fazia força pra tal, engolindo-te fundo.

As línguas inquietas falavam no idioma que as consumia tanto que mordiscava o próprio manejo, e nos olhos fechados o desconcerto de quando achavam-se abertos, nosso encontro era pra provocar um ao outro, e no desvio a maneira de provar que podia transgredir todos os limites do corpo... e de novo descias, desta vez levantando meus braços para afundar em todos os cantos da pele, e para abafar as vontades que explodiam de minha boca eu mordia o braço estendido, e abafava o gemido que me trazia, a tua boca...
Percorrias meu corpo inteiro, deslizando nele como gelo, mas ardendo em brasa, me derretendo; daí os ornamentos de meu corpo, como metais fundidos cálidos ferviam com o calor retido na tua boca; e tão bem sabias de minha ânsia que depois de muito provocar ao passear pelas pernas,coxas e virilhas, abocanhavas-me a parte mais fértil e olhava-me estremecer aos teus movimentos...

Passeavas tão inteirado daquele terreno, que parecias descobrir camada aonde era apenas pele e calor, mas ias além, tão além que trazia a erupção no momento de incontimento pleno, eu gritava mordendo o travesseiro, e sorrias me devorando ainda mais.

Explodindo pelo gozo que jorrava pedindo leito para viver ainda mais, brusca eu te deitava para fazer lento o teu prazer ser agora vivificado. E assim me debruçava também, sob teu corpo fervendo, a boca latente e saborosa daquilo que conseguistes em maestria de mim; já sensível pela virilidade de consumir, te entregavas com medo do veneno que ainda cedia em teus lábios e vinha como promessa perigosa de mim, eu que te bebia aos poucos e em longos sorvos... Delicadamente te fazia sentir cada beijo como consumação lenta da carne vigorosa, troco digno do encanto que me fez desgrenhar a própria razão de comportar e agora eu te pedia, fazia gemer com a tua concessão lenta, afinal, o prazer pede pra perdurar e o mistério o faz manter... uma esfinge perigosa que eu alcançava entre tuas pernas.


E num carinho trêmulo, te preparava com as mãos, o sentido maior era rijo como pedra, e daquela sólida aparência eu punha saliva pra fazer derreter o estado e te beijar e engolir e subir e descer, enlouquecer com a entrega sóbria, a tua selvageria escondida ali, e eu podia desnudar com a boca e leve toque de dedos; os ouvidos tão perto lhe sabiam forte e perecível, sons vocálicos me fazendo estímulo no teu descontrole.
E tão vívidos os movimentos se alongavam e entrecortavam-se, entre os lados e os fundos, o céu da boca como fundo falso para o túnel de estrelas que poderias ver no infinito de permitir-se. E também aprendi a irromper velocidades, te maltratei e dei ápices para teus auges, e te cobria com meu corpo a descobrir carinho novo, na matéria do corpo todo... Uma camada pra te envolver e chegar no teu ouvido e beijá-lo para acarinhar o meu e ouvir teu sussuro, logo minha boca lhe respondia em beijo e logo saia, te deixava sem ação e eu voltava devagar a lhe provocar a vinda do gozo, embebendo o cálice no começo da boca, e engolindo toda a matéria podia eu também me embriagar no envolvimento e saia dançando com teu corpo; o ritmo até a valsa final incliná-lo no mais doce dos encantos, puro e inevitável grito para líquido forte e espesso devolver-me o sabor do teu mais degustável íntimo.

Logo compenetrava-mos a apreciar a calmaria dos corpos embutidos no mesmo transcedental sentido que se aplacava calmamente a seguir os olhos a verificarem os corpos em sexo tão latentes que se encontram em mãos unidas, carinhos encontrados no porto de um abarcado n'outro; pés que se unem, joelhos que se elevam entre as pernas de sexos frágeis, e tu logo correspondias minha fraqueza e provocavas um pouco mais o movimento; não resistia ao que se contêm em vão, eu lhe revelava a sensação suprema no suspiro ao beijo em seu encontro, e tu ias de novo a engolir meus poros desfilando sua língua entre meu pescoço e meu colo, urgente, eu, me curvando para que me tomasses; e assim que deitada, percorrias com suas mãos a ter meus seios firmemente no seu controle, cuidando vagarosamente de seu extremo com a boca levemente encaixada no beijo que trépido os engoliam, e me avistavas, sacana a conceder-lhes mais, movendo a cabeça o mais fundo que podia... assim no próximo instante tu te deitavas impulsionando meu corpo para cima do teu. E sentíamos nossos sexos tocarem-se antes mesmo de haver atrito, o calor os fazia salivar atentos um para o outro, no choque, deslizarem gozando-se ante seus saberes deliciosos; eu o beijaria antes de pular no abismo.

Um gemido leve, o estalido que subentende a vontade de mais; o gemido que umedece o desejo pois faz fácil o entendimento que faz apenas na língua entender, sem a linguagem ser veste, o gemido que é o despudor da língua para não necessitar explicar-se. E não havia mais como adiar. Os corpos eriçavam-se entre poros e mamilos demarcados pela tentação de consumarem-se na força do arrepio. Então vagarosamente insinuavas tua força sob meu quadril e elevava-me ao encaixe perfeito ao teu,assim gemíamos estrondosos à união do desejo com o inacreditável sentido de saciar... medo até de dissipar-se por tanta vontade.
Mas assim é que prosseguia, nos movimentos lentos e frenéticos tão fundos que ao mesmo tempo sugeriam que eu me encostasse em ti e sentisse teu contorno todo, para dentro e fora de mim. Então já me elevavas e impunhas-me de toda tua visão no deleite para teus olhos e minha rouquidão gemendo acima do teu prazer que também explica o meu. E as mãos nos cabelo, e as mordidas para conter o grito, explodias por vezes e me expunhas a teus dedos e unhas e toques e gemidos... me agregava cada vez mais aos teus sinais; e por vezes mudávamos, tantos ângulos para o prazer que saciava-nos para no embarque seguinte, penetrar ainda mais cheios de fome.

Logo as janelas derretiam-se embaçadas pelos suores condensando-se em suspiros que paredes não podem conter caladas, mesmo quando me punhas contra elas, virávamos a mobília ao contrário para palco do prazer imenso, sempre ser. E assim se compenetrava a subir e descer aos movimentos que vorazmente nos engolia, e na volúpia dos corpos transbordando mais lascívia, mais freqüência, e ardíamos... mais, mais, confundíamos como numa convulsão de sentidos entre salivas e sorrisos, sôfregos pedidos de delícias inacabáveis; e inexplicável o corpo atende tremulando desde as coxas ao membro, na parte de dentro,irromper o calor com a vida urgindo forte entre nós ao mesmo tempo - harmonizávamos nosso tempo e no estrondo do gozo um segurava o outro do medo, da vontade, do sorriso indo para o sonho provando da boca mais real que num segundo após pisar no paraíso, nós sabiamo-nos um dentro do outro; e no meu ventre, acima de tudo, uma flor branca que fizestes perscrutar clareza sobre nossos corpos.

Nos segundos seguintes, o cenário era para os corpos unidos nos seus suspiros como explosões para o céu, e um beijo único que resguardava todo o deslumbre da noite que nenhum desejo mais, faria tão plena.


( Texto contido em: http://www.flickr.com/photos/nestorjr/4792228950/ )

sexta-feira, 12 de março de 2010

Assinando lábios

_Assim que eu te encontro, eu parto meu corpo entre a parte sôfrega, e a que se oferta enquanto deseja; que as fendas sejam abismos, e que se perca de vez a mesma fonte de dor e intensidade, por um sorriso ao fim de noite.
_Declaro que me chames de puta. Que me agarres aos cabelos seja como estejam; presos ou volumosos e livres, são tuas as rédeas ao meu desejo institivo - sublime nos teus gestos de cativo naturais, que na lentidão enlouquece preenchendo aos poucos.
Me devora na expectativa da fome e engole lento ou vorazmente cada poro para que se entenda poços que fazem calda na tua saliva que esbalda a razão lógica que explique a gula.
_E com força tamanha que agüente o estremecer, a textura por um movimento que se aplique único a desejo, para irromper na calma o instinto livre de devorar, ininteligível. Liberta o que floresce o ventre, deixa no cálido o demonstrar tão nu que não se retrata só nos corpos; ensanguente lençóis, abra portas penetrando a casa por teus gemidos, e me encontre no teu gozo estremecida sob o teu corpo._E tão magistral que a forma não explique o que ocorre.
_Esqueça meu nome e rasga esse desejo reprimido em todo o tempo que o pudor caiu sob minhas vestes, recolhe teu saber e desfruta do desengano de dentes famintos entre línguas sem fim. Me devora que puta me deleito na tua cama. Labirintos famintos se escondem nos sussurros dos lençóis.

Antonina.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Aspas vertendo pulsos

A paz é um par de olhos de dentro da gente.
Cego, mudo, opaco, vivendo numa superfície fechada
que mesmo com a palavra não sabe o que é plano, corrente,
à beira de erosão
ou de um infinito imaterial.

Uma corrente que não atravessa paredes edificadas com massa espessa de inteções variadas
Não explica a fertilidade do grosso solo debaixo dos pés, com tanta proteção machucando nossos riscos que deveriam ser nossas esperanças mais vívidas
As utopias que pedem peso nos faróis,
nas lacunas, nos bueiros, nos olhares

Mas não fazem parte de um saber, e tampouco podem ser suficientes para não existirem, também.

E daí um corpo entre tantos,
uma dor entre várias,
uma torrente entre cicatrizes e exasperações;
um acúmulo expandido:

Um córrego que não passa, só cruza.
E faz das entrelinhas o dia-a-dia
preescrito em cinzas que o céu dissolve escaldante,
ou enlameia nos pés, caindo de cima.
De uma altura sem pés,
calcificando o asfalto e assim tirando o rumo.

Então os pares se perdem,
os olhos aguam,
as entrelinhas fundas preescrevem o tempo úmido
sem precisar de previsões
E no mesmo tão óbvio,
as pazes esperam.

Ei-la vida querendo dizer algo que
suspende sempre do entendimento,
mas se faz pelo que se vive!



Pontos magoados, se entrecortando -
um entanto fundo demais pra ser só ferida.
Peço linhas duplas, por favor.