domingo, 25 de julho de 2010

Quando as luzes se apagam, e a visão se torna memória e vontade de apalpar, são as mãos que se tornam donas do ambiente, e o corpo transborda... E tuas mãos bem sabiam.
Assim que o interruptor último que sinalizava a vida em casa dizia que a prontidão estava no ar, sua respiração já ficava mais cálida, e alguns instantes no silêncio me faziam adivinhar teus pensamentos, e um prazer que se entende punha um sorriso no canto de minha boca, -também quero devorar-te.

E não demorava muito mais pra fome salivar acima do fruto... derretia, devagar o espaço entre os corpos, e as tuas mãos vinham de protidão na minha cintura, contornando fácil o delineado de uma duna, miragem perfeita que escorregava os poros entre os dedos, matéria fácil para arrepio - e eu não deixava escapar, logo um afago me fazia aproximando-me de você, e para a boca o contato; no pescoço o presságio do beijo. Um suspiro tímido pedindo a descoberta, as roupas eram arrastadas pelos dedos (já eram dentes daquela boca faminta) e vorazes retiravam as pétalas para chegar a essência pura, o aroma do corpo enlouquecendo, trazendo mais...
Gosto nosso que inspirava o movimento dos braços e mergulhava a tua cabeça assim que minhas mãos enlaçavam tua nuca e direcionava mapa para tua boca que do meu queixo ligava-se ao colo e de repente, num instante de deleite adocicava-se nascendo entre os seios, cálida origem da vida.

Os meus dedos se pe(r)diam entre os fios de teus cabelos e tuas mãos nos quadris provocavam mais, eu movia-me toda ao teu fluxo, que num susto me fazia em teu compasso e inquietava-me dos pés à cabeça, contorcendo a grandeza do prazer e me irrompias; como mar em fluxo constante, num momento urgias até minha boca e o corpo chocava-se em nova onda ao teu, teu porte forte me enlaçava tão ávido que imaginava nossos corpos fundirem-se e fazia força pra tal, engolindo-te fundo.

As línguas inquietas falavam no idioma que as consumia tanto que mordiscava o próprio manejo, e nos olhos fechados o desconcerto de quando achavam-se abertos, nosso encontro era pra provocar um ao outro, e no desvio a maneira de provar que podia transgredir todos os limites do corpo... e de novo descias, desta vez levantando meus braços para afundar em todos os cantos da pele, e para abafar as vontades que explodiam de minha boca eu mordia o braço estendido, e abafava o gemido que me trazia, a tua boca...
Percorrias meu corpo inteiro, deslizando nele como gelo, mas ardendo em brasa, me derretendo; daí os ornamentos de meu corpo, como metais fundidos cálidos ferviam com o calor retido na tua boca; e tão bem sabias de minha ânsia que depois de muito provocar ao passear pelas pernas,coxas e virilhas, abocanhavas-me a parte mais fértil e olhava-me estremecer aos teus movimentos...

Passeavas tão inteirado daquele terreno, que parecias descobrir camada aonde era apenas pele e calor, mas ias além, tão além que trazia a erupção no momento de incontimento pleno, eu gritava mordendo o travesseiro, e sorrias me devorando ainda mais.

Explodindo pelo gozo que jorrava pedindo leito para viver ainda mais, brusca eu te deitava para fazer lento o teu prazer ser agora vivificado. E assim me debruçava também, sob teu corpo fervendo, a boca latente e saborosa daquilo que conseguistes em maestria de mim; já sensível pela virilidade de consumir, te entregavas com medo do veneno que ainda cedia em teus lábios e vinha como promessa perigosa de mim, eu que te bebia aos poucos e em longos sorvos... Delicadamente te fazia sentir cada beijo como consumação lenta da carne vigorosa, troco digno do encanto que me fez desgrenhar a própria razão de comportar e agora eu te pedia, fazia gemer com a tua concessão lenta, afinal, o prazer pede pra perdurar e o mistério o faz manter... uma esfinge perigosa que eu alcançava entre tuas pernas.


E num carinho trêmulo, te preparava com as mãos, o sentido maior era rijo como pedra, e daquela sólida aparência eu punha saliva pra fazer derreter o estado e te beijar e engolir e subir e descer, enlouquecer com a entrega sóbria, a tua selvageria escondida ali, e eu podia desnudar com a boca e leve toque de dedos; os ouvidos tão perto lhe sabiam forte e perecível, sons vocálicos me fazendo estímulo no teu descontrole.
E tão vívidos os movimentos se alongavam e entrecortavam-se, entre os lados e os fundos, o céu da boca como fundo falso para o túnel de estrelas que poderias ver no infinito de permitir-se. E também aprendi a irromper velocidades, te maltratei e dei ápices para teus auges, e te cobria com meu corpo a descobrir carinho novo, na matéria do corpo todo... Uma camada pra te envolver e chegar no teu ouvido e beijá-lo para acarinhar o meu e ouvir teu sussuro, logo minha boca lhe respondia em beijo e logo saia, te deixava sem ação e eu voltava devagar a lhe provocar a vinda do gozo, embebendo o cálice no começo da boca, e engolindo toda a matéria podia eu também me embriagar no envolvimento e saia dançando com teu corpo; o ritmo até a valsa final incliná-lo no mais doce dos encantos, puro e inevitável grito para líquido forte e espesso devolver-me o sabor do teu mais degustável íntimo.

Logo compenetrava-mos a apreciar a calmaria dos corpos embutidos no mesmo transcedental sentido que se aplacava calmamente a seguir os olhos a verificarem os corpos em sexo tão latentes que se encontram em mãos unidas, carinhos encontrados no porto de um abarcado n'outro; pés que se unem, joelhos que se elevam entre as pernas de sexos frágeis, e tu logo correspondias minha fraqueza e provocavas um pouco mais o movimento; não resistia ao que se contêm em vão, eu lhe revelava a sensação suprema no suspiro ao beijo em seu encontro, e tu ias de novo a engolir meus poros desfilando sua língua entre meu pescoço e meu colo, urgente, eu, me curvando para que me tomasses; e assim que deitada, percorrias com suas mãos a ter meus seios firmemente no seu controle, cuidando vagarosamente de seu extremo com a boca levemente encaixada no beijo que trépido os engoliam, e me avistavas, sacana a conceder-lhes mais, movendo a cabeça o mais fundo que podia... assim no próximo instante tu te deitavas impulsionando meu corpo para cima do teu. E sentíamos nossos sexos tocarem-se antes mesmo de haver atrito, o calor os fazia salivar atentos um para o outro, no choque, deslizarem gozando-se ante seus saberes deliciosos; eu o beijaria antes de pular no abismo.

Um gemido leve, o estalido que subentende a vontade de mais; o gemido que umedece o desejo pois faz fácil o entendimento que faz apenas na língua entender, sem a linguagem ser veste, o gemido que é o despudor da língua para não necessitar explicar-se. E não havia mais como adiar. Os corpos eriçavam-se entre poros e mamilos demarcados pela tentação de consumarem-se na força do arrepio. Então vagarosamente insinuavas tua força sob meu quadril e elevava-me ao encaixe perfeito ao teu,assim gemíamos estrondosos à união do desejo com o inacreditável sentido de saciar... medo até de dissipar-se por tanta vontade.
Mas assim é que prosseguia, nos movimentos lentos e frenéticos tão fundos que ao mesmo tempo sugeriam que eu me encostasse em ti e sentisse teu contorno todo, para dentro e fora de mim. Então já me elevavas e impunhas-me de toda tua visão no deleite para teus olhos e minha rouquidão gemendo acima do teu prazer que também explica o meu. E as mãos nos cabelo, e as mordidas para conter o grito, explodias por vezes e me expunhas a teus dedos e unhas e toques e gemidos... me agregava cada vez mais aos teus sinais; e por vezes mudávamos, tantos ângulos para o prazer que saciava-nos para no embarque seguinte, penetrar ainda mais cheios de fome.

Logo as janelas derretiam-se embaçadas pelos suores condensando-se em suspiros que paredes não podem conter caladas, mesmo quando me punhas contra elas, virávamos a mobília ao contrário para palco do prazer imenso, sempre ser. E assim se compenetrava a subir e descer aos movimentos que vorazmente nos engolia, e na volúpia dos corpos transbordando mais lascívia, mais freqüência, e ardíamos... mais, mais, confundíamos como numa convulsão de sentidos entre salivas e sorrisos, sôfregos pedidos de delícias inacabáveis; e inexplicável o corpo atende tremulando desde as coxas ao membro, na parte de dentro,irromper o calor com a vida urgindo forte entre nós ao mesmo tempo - harmonizávamos nosso tempo e no estrondo do gozo um segurava o outro do medo, da vontade, do sorriso indo para o sonho provando da boca mais real que num segundo após pisar no paraíso, nós sabiamo-nos um dentro do outro; e no meu ventre, acima de tudo, uma flor branca que fizestes perscrutar clareza sobre nossos corpos.

Nos segundos seguintes, o cenário era para os corpos unidos nos seus suspiros como explosões para o céu, e um beijo único que resguardava todo o deslumbre da noite que nenhum desejo mais, faria tão plena.


( Texto contido em: http://www.flickr.com/photos/nestorjr/4792228950/ )

2 comentários:

Guilherme Albinno disse...

amei amei amei.

Anônimo disse...

(suspiro profundo)

um toque de lábios rÁpido, mas profundo e "uau", essa mulher já dormiu ao meu lado.

quanta honra.