quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cruas nuances de nudez

..Os cabelos entre o molhado, e concluindo a secura do ar que lhe davam as pontas a enrolarem-se, a voltarem à origem de uma distração. A marca de sua natureza caia atenta aos olhos pedintes de súplica substituta da vontade do conforto, que faltava-lhe agora, no ramo de uma saudade.
.Sentia vibrar os seus fragmentos no esforço de perceber tenuamente os elementos em torno de si. No estalar fino que a mágica sinfonia de gotas ao pousarem numa folha lhe explicaria a vertigem toda da brisa fresca na mesma que colidia pura ao ar, aromatizando o fio de seus cabelos, seu doce aroma de jasmin.
..Diria-se dela a doce flor, diminuta entre tantos numa massa, ou a marca brutal da doçura entre o cinza dos dias - não instalado nos olhos, afinal. Sua impersonalidade fluia versus seu ego, mostrando suas qualidades ao buscar companhia, perecendo nas suas faltas, tão dispersa na sua vivacidade.
.Bastava-lhe um olhar renovado da garantia de que está tudo bem. Os intemperismos juntariam os cacos do espaço que se quebrou quando uma gotícula entrou-lhe aos olhos.
..Deixa agora o derramar encharcar a pele e arrepiar o frio a tocar sua pele de pétala, sucumbida às (in)certezas de que o que o tempo todo lhe dizia era: vida, vida, vida.
..Cores transparentes de si são as fragilidades que lhe tocam ao querer, pedir, buscar e
....................................manter.



.........Pois o doce derrete em gotículas salivares,
...........................................................................meu amor.

.............................................................................................................................................SACEIA-ME!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Perpétua Saciação

Recaem suas lembranças todas no espaço em que te encontro e em que explode cada gota desse céu neutro de teus rastros, cheio de tuas marcas.
Nos berços de
tua vida que flui nova a cada canto de tua aparição, és fonte de mais e mais vitalícia, e eu sedenta tento te clamar para suprir tua vez em minha boca. E de que me adiantam os suplícios se jorras de mim com o curso de uma lágrima, com o salivar de minha fome?...

Ah eu sei que tua essência se torna a desgraça de quem ousa tocar-te infame; invades sem piedade os lares dos dependentes que criastes - imponente e temperamental, sacias com o medo quem te necessita como o primordial elixir da vida.

Tua cor é a haste dos reflexos de quem te manuseia, no mesmo tão pura que incolor cristaliza o mistério de todas as vidas. Teu gosto é o neutro da espera com o odor do imprevisível que não se exala, mas guia com a mais corriqueira e impenetrável sentença do insubstituível.

E tuas ondas são a mesma linha que transparece como fino espelho, no mais fundo dos lagos, com mais inspiradora e sedutora curiosidade que chama o vício, tornando-se a poça, a vertente da paisagem, o toque que condena a eternidade e os seus seguidores, de teus amantes - que, na voluptuosidade de tua exuberância te derramam dos cálices, mas que hão ainda de lutar e morrer por tua permanência. Sem conjugar com prepotência a influência sem fim que de todos carregastes tão terrena - como a necessidade toda - princípio e fim.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A mordida

Ah, mas de todas as bocas que beijei nenhuma equipara saciação como alguma...

Das bocas tantas que beijei eu permeei por cálices longos e extravasados de desejo, repletos de intenção que não cabiam nos lábios e os gestos afloravam-se, para minha comodidade ou repelimento. Ah, foram tantos que minha memória já não se cumpre com tamanha eficiência.
A tranquilidade de outros foram marasmos de fluxos despretenciosos, ou sem linhas de vontade, sem a ânsia pelos sinais da continuidade; eu recai amena, ou abri os olhos para fazer sinestesia e cumprir o gosto. Outros penetrantes tão de leve incluiam a libido percorrendo alta e selvagem, na densidade que cuida sedutora, ou escandalizada libertinagem ao mandamento de instantânea saciação. A dominância dos que me envolviam poderiam-me carregar a encontrá-los no céu de seus paladares, achando do agridoce o vazio; cumprindo o imperfeito para minha amostra tão imprecisa, tão mutável.
As impressões dos lábios me marcavam com linhas de cor, de cansaço, de vontade, desapego e junção. Eu mutei-me pausadamente no emaranhamento de cada pele, sentindo a textura para consolidar minha posição; distante, leve, solta, entregue. Adjetivações das quais só a língua pode sintetizar plena em minha boca.
Senti falta de compreensões das rudezas que me apresentaram sem colher os frutos das combinações; a ligeireza fez repulsa ou frenético ritmo da convulsão dos corpos por mais e mais.

Fechei-me como túmulo e pude delas também sentir o ar de quem espera, e o suspiro de quem me vela, o vento das palavras de quem me carrega fez a secura, o amargo perdurar na mesma insistência da doçura, do apaixonante. Dentre as salivas que provei, lambuzei-me nas possibilidades das decorrências com as excitações do momento percorrendo-me na mais despudorada dos concebimentos.
Deixei-me avulsa e aberta para as descobertas dos intencionados; descobrindo-me nos céus através de um pedaço de matéria, no sorriso e no escarro que me engoliram e me deram líquido para o Graal da poesia.

Não me interessam as palavras para chegar até; a atração como imã impulsiona o pêndulo das conquistas, e todos os cantos e ares propiciam quem se proprõe. Provei para desgustar e regujitar, para calar e ser calada. Sem saber quem sou, rumei por todos os personagens e fiz histórias, criando caminhos e precipícios.


Basta!


As razões não me dizem ao que me saceia, a boca que me falta é a minha própria; para na fluência toda eu silenciar e descobrir nas flores que me cercam, o aroma da perspectiva que grita meu passado e meu destino.

Sem a menor das crenças, com a falta na bagagem; falta-me a boca pra expressar a fome que sinto e que só este tempo incrédulo pode me guardar.

Guarnecer é preservar o que só o silêncio e a inquietude de minha pose pode provocar.
Mordisco agora o insensato dos meus pesares e prazeres; (a)nulo desconhecido.


..........Obrigada por ao abrir meus desejos, deixar a vontade me guiar.
.........................................................In-saciada, Antonina.