sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

I N T E R M I S S I O N (II)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Homem e a sua doença

Um caminho curto pra distrair o que é imprescindivelmente longo, ou ainda, de tamanho impreciso é inerente a curiosidade incontida, a vontade de expressar o manifesto, e olha-se de soslaio para o que na mesma matéria, à esse homem culpa prende.
O tácito desejo cálido que percorre tão ávido os instintos de devorar-se; de boca húmida e desejo rijo, em ocupação distante a mente ilusiona a vida diferente, das dores, quase imune. Pudera o homem ver sua alma de fronte ao espelho quando se repara, se apronta, enquanto se consome, não percebendo que os seus sentidos se tornam todos bocas devoradoras, e o medo é fome, a confusão é gula e a ânsia é mais e mais...! Ah os seus nervos não se alongam ou partem as pontas em longos sorvos ou curtos casos; a memória não subtrai o que é cru, o coração não dissipa o que lhe ocorre.
E na divisão a falta indica o íntegro, a sensibilidade a tona, a natureza do grito, e por conseguinte, o suspiro, o elevar de um poro, a lembrança ao tom em ouvidos, o olfato é a memória que o sentido de avistar observa longíquo tudo o que lhe trouxe sem comprometer-lhe, bastou-lhe formar o peito como abrigo para ter o afago tímido de saber encontrar-se. é na lonjura que a silhueta se apronta por inteiro, e se é medo, assombra, e se é amor, se entrega.
As descobertas restantes são átimos do que não se conclui no selvagem que nos contorna no ritmo das palavras, no frenesí que a sabedoria humana conserva nos escritos da memória de comportar o viver, e no deslize, uma vivência que se reforma na pele que pétala dissipa,
é a Flor do homem que renasce; é a verdadeira história de todos os causos que a febre ansiosa do Homem e sua doença, soubera anestesiar. (-maldita hora)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

(''...I can't) Wash (you out my skin..'')

Despiu a escolha de uma hora, e marcavam-se todos os momentos pelo que lhe restava: o maior órgão, a pele tanto tracejada pelo apelo do dia que suportara, quanto pelos sinais desde o nascimento - intransponíveis consagrações do tempo. Abriu as portas do atemporal quando libertou-se afinal, a porta lhe deu mais um espaço livre à mente - ainda na abertura que o comum pode lhe oferecer.
Abriu o registro do indestrutível, alinharam-se as linhas do esperado: gotas e gotas de calma e nostalgia. As principiantes desceram sob seu corpo, marcando as glândulas de seu peito como porto, que chegam e escorrem, pra vivificar o sentir: um sopro que fecha os olhos. E flui como a água a transparência do sentir, como vibram os poros com a tênue prioridade de lavar, a alma.

Ali germinara a conexão do vital, ligando todos
os pontos a matéria de estar emocionada simplesmente real, como o instante para alimentar o inexplicável; e falando dele para existir melhor, existindo-se para ser mais segura. Carmen, uma flor em desabrochar; as gotas lhe caem repentinas e densas, pesam e desequilibram, fechando os olhos para os sentidos restantes vibrarem aos solos necessidades em seus valores, limpa os vícios, retira os pudores, deixa o limpo claro e o claro tão límpido que rasa a pétala suspende a pele para o maior artifício: conhecer-se.


Deixa a pele com o cheiro da pétala mais sublime, pois a matéria da nostalgia abriu as portas e ao personificar-se vem ao teu encontro, abraçar-te.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O apontamento de um ponteiro


A criação do tempo corre sobre o criado-mudo que não reclama e guarda, calado.
Passa ao real o inimaginável desta data, como o intrasponível afetando a prestatividade de suas mãos, Alice, tão calada sentia intenso o poder da palavra por toda a dimensão de tal Tempo.
Dia dezenove-do-onze, uma imaginação precária pra sentir-se lá, uma sensação estranha da condição real, consciente e instantânea do que desabrochou e está a definhar.
Na ponta de um lápis presencia a descoberta da herança como inevitável consistência.

Registro de idas e vindas, um cátalogo de sonhos, uma fonte de desespero concreto a toca de muitas maneiras; na ponta daqueles dedos ásperos e frágeis, no peito desabrigado e fatal.
Ler seu destino era condensar sua história no real, e crer nesse inimaginável que conduz o que aponta, afinando o lápis e contanto a sua história,
pois a recontagem dos sinais é a virtude dos personagens, e reconhecer-se toda é
abrir a fenda do infinito, aonde o tempo, não alcança.

Dentro dos contos, uma fada.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Blind-

.

A claridade que não faz enxergar é cegueira,
e os sentidos outros, fazem uma recontagem dos mesmo(s).
O que sente apalpa o fato,
e depois de todos os outros,
aprende-se a tocar um sorriso;
a essência é de quem sente.


.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Enquanto houver você do outro lado...

''O quão bom ele é? O quão quente são seus olhos?
Você vê, isso não é uma reprise
Ele chegou muito tarde e muito exausto
Para vestir seu terno e sua gravata?
O quão bom ele é? O quão quente é seu coração?
Ou ego dizendo o lugar para estacionar?
Ele escreveu uma mensagem?
É claramente um motivo para a despedida, eu escrevo
Um motivo para a despedida, eu escrevo

Acordo e aguardo... quando a raiva está na moda
Acordo e aguardo... tudo vai através das mansões
Acordo e aguardo... quando abril está em maio, oh, oh-oh...
Acordo e aguardo... as respostas são fatais
As respostas são fatais

Quando acordo e aguardo... as respostas são fatais

Se ele está realmente fora de vista...
Ele é realmente louco...?
Se ele está realmente fora de vista... ''

-
O nome reflete as faces da atenção
O silêncio gera a sintonia tênue da dor,
bate denso como o coração.
O espaço entre o real e o pensamento
são vias de duas mãos,
são conexões das vontades e do tempo.
Uma escolha,
e a fatalidade das conseqüências;
nos olhos as reações,
e no peito, estridente,
os sons que clamam a volta
do que não sai do pensamento
e faz da vontade, real.
Não há espaço que sintonize a dor e o coração,
como as vias para chegar nas mãos;
unidas, elas são fatais,
como uma só, são
capazes de muito mais.

Os bilhetes falam do que passa o vento,
desarranja teus cabelos, divida as angústias das vistas.
O céu cinza espera apenas um toque,
pois no que muda o traço, compõe a situação
e foge do status, recria todos os lados.
Nossa gritante de chegada silenciosa, transição.

E escrever é guardar-he até as mãos agarrarem-se ao pêlo, ao cheiro, ao ente,
à presença que é superior a qualquer dizer.
Quem dera saber despedir-se para descobrir o que ser livre
e amar da mesma maneira, reconhecendo o tato da dimensão.
O laço é firme e acalenta, as correntes são frias, e arrebentam, exaurindo.
Sente devagar as finuras do ciclo, recomeça;
um labirinto como ninho, uma espiral em si,
viaja e acalenta, as desgraças de conceber-se tão vivo.
-

...daqui eu posso me guiar, fatal.
como tua voz em mim

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Toca-se súbito

Enquanto números são discados na busca do que d'outro lado datilografa-se, o tempo urge como incomum para o que dividido, só faz somar.
Na busca pela voz os segredos são pronunciados nas pausas, ao respirar condensa-se o vital,
e a temperatura toca a pele que toca a alma,
um arrepio de metaforizar.

Ela escreve sem o escrúpulo de pensar piedosamente,
ele ausenta-se nos atos pra sentir no tempo restante a falta, sem piedade.
Quiseram-se estar crus para conceberem-se plenos.

Nas fibras que deixam explícito que há barreiras,
mas há visões que as mãos tocam, e desenham:
telefones e palavras,
no retorno do que não se pode segredar.


tão fatal e inteiro, resplandece o fluxo desprentecioso e condutor longíquo...

- Amor?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Lufada

_A brisa penetra espacejada no quarto em que desenha o tempo, enquanto ele couber em palavras. O aroma da grama marca-se extasiado, pela lentidão que deixa-se passar tão amolentada pelo calor do dia todo. Percebe-se no sereno iniciante da noite a tranquilidade que faltou o dia todo, e que uma noite bem abriga repelindo com ternura qualquer dizer - ainda que ousasse querer falar. Os olhos fechavam-se suplicando piedosamente o silêncio do que é calmo, o fluxo do que é constante. Os ventos uivam o que está exposto, o coração entende florindo sensibilidade.
_O corpo estende-se como campo, na cama que induz o chão para quem se guarda, o choro que lava; o gozo que escorre; a saliva que rega; a palavra que embebe o princípio, o nome é o que move os lábios. Uma Mansidão para entender o que significa, a pausa para compreender o que envolve; é a brisa que participa do contorno de cada poro em membro desta menina - que engole o mundo no suspiro de um instante.

A interpretação do dia que corre vai na estadia que o corpo resguarda.
Enquanto o mundo salta das alturas à precipícios, ela voa baixo, com os espinhos deixando-a com a potência de ser leve, sem tirar os pés do chão. Os ruídos que quebravam a orquestra invisível apenas foram os ecos dos apelos que gritavam adeus, enquanto o vento fazia Um; nos seus braços que devastam o que não se fundamenta.
_As pétalas nasceram na canção que parte os seus estágios, e desenhou-se o resultado do tempo em semente; a Flor marcou a estação do que chegou natural e abriu lentamente portas, janelas e cortinas, pra esbarrar lenta e perene no que é, indivisível.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A Velha e a Moça

O caminho se mostra devagar com o andamento calmo e preciso das mãos
Enlaçadas mãos cabem a viajar o mundo no cuidado de quem preserva,
a exploração máxima do que ama, sutilmente...

Pra quem enconsta o que há cansado, há o mesmo tanto de curiosidade pra quem sustenta
Se junta a imagem com a fonte toda, não há tempo que pereça.
E se os passos se cuvam poucos,
as palavras emergem na respiração cuidadosa;
dentre os sons vocábulos são repletos do significado do que é sincero.
A emoção cuida da saudade pra ser a intensidade da realidade.

O espaço é quem submerge a história na linha dos cabelos,
esvoaça as verdades pelo vento que recolhe imenso,
a troca do que é intransferível, dira-se aos poucos, passos do que é imortal,
nos traços há a cor do que provoca os sentidos pra sinestesiar-se
num beijo ao fim do dia.

Se alguns passos se dão desenfreados pela ânsia da descoberta a conhecer,
outros são lentos e cansados, pois trilham com cuidado apenas, o que se quer manter.

A matéria de um encontro é o querer.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eu conhecí uma garota que eu já conhecia...

O roxo estampado foi o que me chamou,
e como um raio se alongou costurando a silhueta,
indo aos cachos voando altos, e alongadamente
seus pés voltaram-me o chão, nas costas de certeiros rastros.

A espera por um gesto instigou a forma de imaginar tão precisa ao que penso,
que ela já nem mais precisava me pensar em dizer
Sua voz intercalava meus ecos e eu vislumbrei naquela pose
uma estátua de argila; mole e fatal.

No balanço que surtava minhas lembranças,
torci por um gesto que eu havia considerado dentro de mim mesmo antes de consumado,
e a vontade de saber tornou-se certificado de que eu sabia,
querendo o que eu já possuía.

Estranhamente signos de apossaram singularmente de duas criaturas,
e eu criei das circunstâncias um escape para coincidências assim que a perdi de minha vista;
vista que não abandonou os olhos,
pois ao menear sua cabeça ao ar que a rodeava, seus olhos pousaram sobre o espaço;
e meu rosto estupefato concordou:
na paleta de meu acaso achei o verde que queria,
pois lá no fundo daqueles olhos achei o que me remetia;
indigente meu eu tingiu-se na cor de minhas preferências, jorrando no caso da vida leve,
o encontro do que me movia; detalhes d'eu mesma.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Cadente, estrela.

Da estrela pontuda que embalou-se demais,
o vento virou roteiro
- e cambaleou tanto, que caiu tortinha no espaço,
gracejando o ar pra um novo começo.
Desenhando nos ares com as lágrimas de felicidade que doava aos céus,
efêmera caiu sorrateira - fazendo de sua cauda o sobrenome de sua aparição - por isso cadente.

E no impacto caiu sob uma cabeça
e nela derramou prata,
trazendo a velhice pra quem já vôou alto.
As crianças que viram apenas os riscos, apontaram para querer alcançar o real
E pegam-se sonhando com o Futuro da prosperidade destes traços, novamente.

E crescer é sentir sem perceber, que os traços alinham a cabeça,
em fios voluptuosos da alegria, com o acaso de um embalo,
que o tempo passa dando nomes diferentes
para o que nos soou sempre igual.


Foi a estrela que escreveu cada linha,
lápide infinita.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Noite num copo d'ela

'Os desenhos escondidos entre os poros de tua pele são os dizeres das salivas que ao penetrar, intensificou teu corpo.
O suor que percorria teu decote pela lentidão do vento entre o vapor daquela sala -
entregou teu corpo quente ao traço nu, e a trajetória se fez a mais cálida, pelo mesmo suor que tenciona o centro de teu peito agora tão aceleradamente.

Guardo em meu inconsciente os registros daquela noite em que mal dormiu o Pudor.
Teu riso compactuou o desejo, e a libido se espalhou,
com os goles voluptuosos, entre um olhar outro.

É só a noite cair e os copos levantarem-se que teu aroma chega até mim.
As luzes de um sabado à noite acendem-se nas pontas de cigarro,
e eu vejo teus lábios, entre os meus, cumprimentando o irreal.

As frases escritas na parede fecham meus olhos
- eu enxergo tua caligrafia na poesia boêmia da cidade - e já que vivo,
lhe entrego a boca amarga e o tédio,
para os dias transformarem teu espasmo como meu filtro,
ó vício fatal da última castidade...'

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Da árvore apaixonada e do pássaro lindo e livre, o caminho.

_De uma casa pré-fabricada abriu-se uma janela - anunciando assim, o vento proclamou um mundo novo. Correu a despentear os arrumados, desflorou as meninas que travestiam-se de flores. Uma casa para um destino novo, pinceladas a mais no (es)quadro daquele cenário.
_A árvore foi quem ouviu primeiro, mais de perto, assustou-se mesmo com o baque do portal novo que se abrira, um novo aconchego para os olhos. Sentiu a vibração tocar suas folhas, um arrepio em cada galho: um fio de esperança. Inspirada sempre no recurso dos instintos, emocionava-se com cada gota que escorria-lhe os longos traços à sol, flor e frio.
O mesmo não lhe cansava. O tédio não alcançara a dela intensidade.
_E a vista da janela que se abriu provocou a sombra pra silhueta de um novo caminho; não havia terra, pedras ou flores, era um toque e um tímido carinho.
_De repente, deu-se conta da poesia que
fremitava seu ritmo, num corpinho de calor vitalício, um gorjeio grave ensinou-lhe o que eram as canções, e o pouso daquele passarinho lhe deu a graça de um vôo, a leveza de uma nuvem descendo-lhe às raízes.
E os céus confundiram-lhe no alto que fez a miscelânea ser sinestesia para todo esse tom.

__
Ó bom passarinho que repousas pelo corpo com o dom, não tardas a voltar, não me crava garras, pequenino!, voa pra desalinhar tuas plumas, e volte para o galho do centro que cuido do vento - nas frestas teu pente, no centro, meu peito. Semeias meus frutos tão de repente, que o doce será teu alimento, regas no tu toque passarinho, o poro do fruto nu. E decoro teu corpo como a canção do imaginário, as notas de belas artes.

_E ver o pássaro cantar e guiar e vibrar, foi completar nas asas da borboleta as cores da casa, nos pés descalços que nela habitaram, o fruto pronto no chão; mãos e garras tocaram pequenas o tempo que frisava somente o bom.
_Entristecia apenas o tom caloroso de repente, na latência da solidão, de um ninho caído pelo desequilíbrio para provar o confiável. As gotas que alimentavam os mais pequenos, nela crescia o amável.

__
Ó passarinho que desemboca nas estações a ploriferar os cantos de beleza, bate tuas asas a lapidar o mundo tão rígido! E não dispensas dos traços de tuas asas as matrizes de um lar que não se cansa quando pousas nesse lugar - a voz de uma estação clama teu canto, os novos caminhos para nossa casa,
meu ninho.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

...e brilham.

....................................................''Das Utopias
Se as coisas são inatingíveis...
ora! não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos,
se não fôra
a mágica presença das estrelas! ''
................................................(Mário Quintana)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

...brilham

Abraço e ajo como de costume,
como que a intensidade de um olhar perpetua
nas pálpebras que se fecham cuidadosas,
pois guiam a estrela cega no aguçamento cheio de contato
E no peito tão rápido,
um embarque do cálido que me abraça,
As ondas de teus impulsos latejam em mim,
...............fortes assim,
...vibrando como pulso.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Anéis de um planeta distante...

Tua distância como uma estrela cadente
me abre um caminho no peito
Que me lacera com tua latência
a calidez de teu toque
na mais voraz mancha celeste, faísca do tempo.
Um golpe de luz que traveste no horizonte
as dores de tuas potências em mim,
e no amor que tão grande esconde,
a flor de um lume,
teu corpo em mim.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Hibridez

O tempo me agarra como um amigo que prende as impressões primeiras da pessoa de que sou...
O inimigo que me embala no cansaço, virtualiza minhas palavras no silêncio que prescreve a presença do insubstituível;
um laço que me aconchega enquanto a lembrança sua, me envolve.
Tuas pessoas me comovem, Sr Tempo.

Falta de imprevisão, um sopro de vida em meus olhos e em meu comportamento;
são.
.
.
.
Leve impressão entre amigos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Só por hoje

_Restos da noite impregnaram-se aos lençóis que ao Sol, pela manhã, são chacoalhados; e virgens, incineram com súbito e atroz resultado a seguridade dos atos, pra resolverem-se em em onduladas correntes de anseios e desconcertos lógicos.
Agora ela vira, na tonelada que seus passos provocam, os ruídos no solo - são imagens que retorcem-se no elos pensativos de um suposto agora.
_Um imprevisto no visto que o calendário resguarda na sua suposta igualdade de dia à dia, relações que são imunes a qualquer exatidão determinada na vista, já espacejada por conceitos, mas com pouca destituição da suicida condensação da realidade (agora)...
Agora então nela, manifestava-se sua epiderme, em silogismos ardentes, corados, e, agudamente, as necessidades que não lhe estavam sendo supridas. Ou ainda, manifestavam o inútil para exaurir com a última relevância do desnecessário. Mas enquanto não soubera do qual tratava-se, consumia-lhe até o último poro, doses incalculadas de de um mal-estar que mesmo alérgico, indiferente a ela apresentava-se, indiferente, por um todo.
_Tamanha assuidade paradoxal esgotara-lhe a atração do corpo a defender-se ou da letargia a paralizar-lhe. Constantes pausas não lhe mostravam ainda... ainda... Ainda a que tivesse um ponto a buscar e dar-lhe de toda e qualquer certeza!:
a plenitude.
Sem esperar o Futuro, ou sem haver roubo de atenção, indiferença, ter a quem ouvir, a quem amar.
...
_Devaneada na própria distração de poder originar-se e dar-se ao surto-sedento de compreensão para poder atrelar a movimentos a súbita consciência do transitivo. Envolvia-lhe a existência, sem empolgação.
_Um tanto melhor, para não ser pior.
_Um tanto de estrelas para acompanhá-la com o punhado de luz natural no glóbulo lunar, no centro que cabe na palma da mão.
Abaixo de seu céu, ela apalpa as roupas e semeia a veste do tecido da cama para desapropriar-se dos câmbios da verdade, descoberta despêrta (oh).
_Antes mesmo de acabar a matéria de seus pés.


_Estes dias, quando podem atribuírem-se possessivos, são como a curva do horizonte; à beira de seus extremos comovem as possibilidades do inusitado aos olhos, com a convergência do toque ótico à resposta do raciocinar.
_À beira de todas as descobertas, com a novidade única que essa palavra já denotativa renasce sempre que dita.:
VIVA!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Pensamentos decorrentes da árvore apaixonada ao pássaro lindo e livre

Não é porque eu, galhuda, fico esperando-te que devo ficar com as sementes das frutas que distribuis ao mundo.
Da semente infeliz caída ao meu solo pode brotar folhas apenas, aquelas folhas, de inveja, logo podres de vingança*.
_____________Ah, eu não espero (não quero).

[Ciscos do vento: ciúmes ]

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Quero que com minhas folhudas oferendas, possa banhar-te calmo e à vontade da finura de tuas asas. Que nenhum arrepio transpasse por meus galhos enquanto te cuidas concentrado, à não assustar-te e atingir o ponto cru a não quereres mais em meu caule aninhar, o centro de meu peito.
Ó em ti meu doce passarinho, desamparado caminho do porte da vida, eu desejo que transpassem em mim - delicadas como tu, as fendas do sol borbulhando a doçura do dia, no desabotoar difícil de teus olhos; para quando adaptarem-se, o brilho da manta azul que te chama à aninhar tuas doces asas, tu olhares para mim, receptáculo de teu cuidado. E no suspiro primeiro de teu dia, exalares todo o amor decorrente em teu gorjeio ao sorrires-me: Bom dia!

Curando todas as insônias de meus cuidados, uma colher de chá matinal de teu carinho.

___________Novo vento agora, sacode os meus ninhos.


Ah, Rita e Clarice* , vocês me inspiram por demasia!
Imagem por
Pablo Gamba

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cruas nuances de nudez

..Os cabelos entre o molhado, e concluindo a secura do ar que lhe davam as pontas a enrolarem-se, a voltarem à origem de uma distração. A marca de sua natureza caia atenta aos olhos pedintes de súplica substituta da vontade do conforto, que faltava-lhe agora, no ramo de uma saudade.
.Sentia vibrar os seus fragmentos no esforço de perceber tenuamente os elementos em torno de si. No estalar fino que a mágica sinfonia de gotas ao pousarem numa folha lhe explicaria a vertigem toda da brisa fresca na mesma que colidia pura ao ar, aromatizando o fio de seus cabelos, seu doce aroma de jasmin.
..Diria-se dela a doce flor, diminuta entre tantos numa massa, ou a marca brutal da doçura entre o cinza dos dias - não instalado nos olhos, afinal. Sua impersonalidade fluia versus seu ego, mostrando suas qualidades ao buscar companhia, perecendo nas suas faltas, tão dispersa na sua vivacidade.
.Bastava-lhe um olhar renovado da garantia de que está tudo bem. Os intemperismos juntariam os cacos do espaço que se quebrou quando uma gotícula entrou-lhe aos olhos.
..Deixa agora o derramar encharcar a pele e arrepiar o frio a tocar sua pele de pétala, sucumbida às (in)certezas de que o que o tempo todo lhe dizia era: vida, vida, vida.
..Cores transparentes de si são as fragilidades que lhe tocam ao querer, pedir, buscar e
....................................manter.



.........Pois o doce derrete em gotículas salivares,
...........................................................................meu amor.

.............................................................................................................................................SACEIA-ME!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Perpétua Saciação

Recaem suas lembranças todas no espaço em que te encontro e em que explode cada gota desse céu neutro de teus rastros, cheio de tuas marcas.
Nos berços de
tua vida que flui nova a cada canto de tua aparição, és fonte de mais e mais vitalícia, e eu sedenta tento te clamar para suprir tua vez em minha boca. E de que me adiantam os suplícios se jorras de mim com o curso de uma lágrima, com o salivar de minha fome?...

Ah eu sei que tua essência se torna a desgraça de quem ousa tocar-te infame; invades sem piedade os lares dos dependentes que criastes - imponente e temperamental, sacias com o medo quem te necessita como o primordial elixir da vida.

Tua cor é a haste dos reflexos de quem te manuseia, no mesmo tão pura que incolor cristaliza o mistério de todas as vidas. Teu gosto é o neutro da espera com o odor do imprevisível que não se exala, mas guia com a mais corriqueira e impenetrável sentença do insubstituível.

E tuas ondas são a mesma linha que transparece como fino espelho, no mais fundo dos lagos, com mais inspiradora e sedutora curiosidade que chama o vício, tornando-se a poça, a vertente da paisagem, o toque que condena a eternidade e os seus seguidores, de teus amantes - que, na voluptuosidade de tua exuberância te derramam dos cálices, mas que hão ainda de lutar e morrer por tua permanência. Sem conjugar com prepotência a influência sem fim que de todos carregastes tão terrena - como a necessidade toda - princípio e fim.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A mordida

Ah, mas de todas as bocas que beijei nenhuma equipara saciação como alguma...

Das bocas tantas que beijei eu permeei por cálices longos e extravasados de desejo, repletos de intenção que não cabiam nos lábios e os gestos afloravam-se, para minha comodidade ou repelimento. Ah, foram tantos que minha memória já não se cumpre com tamanha eficiência.
A tranquilidade de outros foram marasmos de fluxos despretenciosos, ou sem linhas de vontade, sem a ânsia pelos sinais da continuidade; eu recai amena, ou abri os olhos para fazer sinestesia e cumprir o gosto. Outros penetrantes tão de leve incluiam a libido percorrendo alta e selvagem, na densidade que cuida sedutora, ou escandalizada libertinagem ao mandamento de instantânea saciação. A dominância dos que me envolviam poderiam-me carregar a encontrá-los no céu de seus paladares, achando do agridoce o vazio; cumprindo o imperfeito para minha amostra tão imprecisa, tão mutável.
As impressões dos lábios me marcavam com linhas de cor, de cansaço, de vontade, desapego e junção. Eu mutei-me pausadamente no emaranhamento de cada pele, sentindo a textura para consolidar minha posição; distante, leve, solta, entregue. Adjetivações das quais só a língua pode sintetizar plena em minha boca.
Senti falta de compreensões das rudezas que me apresentaram sem colher os frutos das combinações; a ligeireza fez repulsa ou frenético ritmo da convulsão dos corpos por mais e mais.

Fechei-me como túmulo e pude delas também sentir o ar de quem espera, e o suspiro de quem me vela, o vento das palavras de quem me carrega fez a secura, o amargo perdurar na mesma insistência da doçura, do apaixonante. Dentre as salivas que provei, lambuzei-me nas possibilidades das decorrências com as excitações do momento percorrendo-me na mais despudorada dos concebimentos.
Deixei-me avulsa e aberta para as descobertas dos intencionados; descobrindo-me nos céus através de um pedaço de matéria, no sorriso e no escarro que me engoliram e me deram líquido para o Graal da poesia.

Não me interessam as palavras para chegar até; a atração como imã impulsiona o pêndulo das conquistas, e todos os cantos e ares propiciam quem se proprõe. Provei para desgustar e regujitar, para calar e ser calada. Sem saber quem sou, rumei por todos os personagens e fiz histórias, criando caminhos e precipícios.


Basta!


As razões não me dizem ao que me saceia, a boca que me falta é a minha própria; para na fluência toda eu silenciar e descobrir nas flores que me cercam, o aroma da perspectiva que grita meu passado e meu destino.

Sem a menor das crenças, com a falta na bagagem; falta-me a boca pra expressar a fome que sinto e que só este tempo incrédulo pode me guardar.

Guarnecer é preservar o que só o silêncio e a inquietude de minha pose pode provocar.
Mordisco agora o insensato dos meus pesares e prazeres; (a)nulo desconhecido.


..........Obrigada por ao abrir meus desejos, deixar a vontade me guiar.
.........................................................In-saciada, Antonina.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Coexistência

Deu o poder de suas mãos ao vento, que soprava-lhe baixinho aos ouvidos, desejos de insanidade - (que) consumiam-na cada vez mais. A brisa de uma madrugada fria revelava-lhe idêntica submissão das aparências a sua verdadeira natureza, os dias passando ao tempo, idêntico passamento. Os entorces de uma vida caminhavam lentos, distraindo-se nas fábulas do que não lhes era possível, sonhando no sentido de buscar e saber-voar -
decaíram-se no chão sedento de suas lágrimas, aonde brotando angústias, ela erguia-se para de igual a igual encará-los (tentanto constante), sobreviver.
Caminhando pelas horas súbitas de buscar uma nova distinção sua existência, deparou-se serena a questionar seu derradeiro permanecer, sentindo-se cada vez mais clara no confuso, matéria sublime pouco vista, talvez nada. E tomou sua pergunta por resposta, caminhando ao meio de sua entrega cheia de verdades, cheio de sua corrente intimidade.

Vestida com os trajes de plena celebração, colocando agulhas a equilibrarem seus pés, gerando de seus passos o compasso definitivo; seus rastros únicos, sua escuridão deixada para trás quando levaria o mundo todo num salto livre, no fim de todos os seus princípios.
Posta aos instantes finais de seu destino, espalhou por seu carro caixas de sapatos, seus passos extintos não lhe prenderiam mais em qualquer rastro, não felicitariam nem agoniariam.
Pôs seus pés a neutralidade do ar que buscava decisivo, recrutando-se ao novo caminho, olhando pra trás apenas num aviso com as últimas palavras do mundo que empurrou-lhe;
deixando e despedindo.
Cambaleou uma ou duas vezes, e num salto, num suspiro se entregou: as marítimas correntes enlaçaram-lhe. Suas poucas voltas à superfície demonstraram a resistência inata de estar vivo, mas a disposição de tudo, suas vontades e seus sentidos, deixaram-lhe.

Um corpo sem razão a vaguear, até encontrarem-na flutuando com o ar denso, com o corpo desgastado; mas com seu curso completo pela ânsia de um novo nascimento -
quando o nada apareceu-lhe como tudo.

sábado, 17 de maio de 2008

Liberdadéia

Vindo da rua, a poucos passos, sorrateira evazou-se atmosférica, respirando e inspirando nas peculiaridades de sua presença; o ar e a veste.
Ela escorreu pelas paredes, enquanto pintava quadros, sinfoniava sons, amaciava o solo e multifacetava-se. Por trás das cortinas, numa brecha fina eu podia observá-la, batendo de porta em porta, discretamente penetrada na lapidação das mesmas, e quando não percebida, saía ao rumo do vento, em busca de um lugar qualquer que pudesse justificá-la por si só.
E ela sempre caia nas bocas pelas praças, pelas telas, ecoada nos gritos protestantes; tão querida a tantos cantos que repelida a sua integridade, sempre parecera utopia. Uma personagem cheia de suas idas e vindas, nas fragrâncias da podridão, isolada, nas paixões tão libêrta, ela sempre vagou nômade e selvagem, seguindo seus instintos na privação e na necessidade.
Na realidade, sua coexistência sempre produziu contos urbanos, lendas que desde muito trescalaram dúvidas e produziu suspiros aos que se acomodaram nos mantos do sonhar.
Ela ensaia seus passos em princípios, repercutida nos espaços cheios ou vazios, desde que isenta de egoísmos, possa beneficiar em sua indigência os nomes que cuida; maternal à todas as escolhas.
Alimenta-se dos ares mais sublimes, como força ideal para equilibrar os seres, ela instiga e conduz as criaturas que repousam em suas lacunas, sendo a matéria da vida e da morte. E finalmente, penetrando nos poros do tempo ela embarca nas asas da palavra que não descreve a limpidez que reflete sua essência -
sussurrada na fina atenção que dedica em silêncio a imortalidade em seu segredo (assinou aqui sua presença): liberdade.