quarta-feira, 27 de julho de 2011

O sublime sopro de um instante puro.

De um dia daonde não havia nada
que se dissesse vivo como a palavra
densa e espessa - que assim diz, compreendesse
A alma recorreu dispendiosa e
esquecida pelo espaço que já
se merecia em aborrecimento

Como num levitar do próprio cansaço,
prendeu o momento e fechou os olhos

Pra dentro de si, esboçando leve e inexato,
o retrato de mais vontade de bondade
que a não-ternura cuspida mundana
A que lhe disse num inspirar que lhe moveu
ao próprio mundo como vento...

Passos e um sorriso
lhe fizeram abrir os olhos,
a ver o que de dentro havia florescido ao mundo
seu personificado contentamento

Do momento efêmero que se entorne
vida estreita como sabão em bolha
Pras cores transcritas além da expressão do sentimento
e à cor da boca saltando,
em nome de sorriso, além de muito...


Sabendo, que dos olhos pode se saltar
mais que saber de mundo,
e sim pleno, vivo, do que já diziam que era tudo.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Dos dias, o mais, o menos...



O sol se espreguiçou sob seus olhos
como se o vento justificasse a vontade de sua alma
Lhe abrindo os poros, doces da capacidade de sentir,
em ternura o frio lhe deslocando o hábito
pra lhe arrebatar a surpresa em mesmo sabido sensível...

Um incrível que poupa palavras
e lhe levanta as vestes como se dançasse com seus sentidos
.
Tão plena de saber, existindo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O tom lilás daquele nome.


A flor de alfazema preserva um sorriso antigo. E o amarelado de seus dentes faz sentido. Há poesia como uma carta guardada, que revela tanto nas entrelinhas de seus lábios. Uma negação que só é recomendável no balanço de sua cabeça dançando a ritmia que funde pensamentos.
E o som dos sapatos no chão são um coração pensando alto - talvez só o meu, é verdade, mas a cor de sua saia girando melodias, contorna a aquarela desse momento.
E o relógio não pára, o mundo revela seu movimento num truque de mãos, deixado na luz da aurora brilhando sob a mesa esperando que estas palavras lhe aconteçam...


De um profundo bem-querer que rememoram seus olhos de tom comum e soberano. De uma pureza tão célere, que é o todo revelado. Um átimo simples que nem em tudo se percebe, mas reserva a essência da alfazema e uma alma plena: inspirar o cheiro que preenche os pulmões e enche o mundo feito um balão, condensando o encanto de um trovão em pura-luz e a naturalidade de achar um diamante em poros a olhos nus.

E aquele nome é sutil como uma linha solta na roupa: depois que percebida, é só um tom pra desnudar a alma toda.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Do Caramujo que caramujava

(e da vida que pode ser outra quando vozes bonitas...)

Um caramujo andava pelo mundo,
respondendo seus anseios que a gente não vê
Porque ele parece mudo - mas é ele quem está
bem mais próximo do que pensamos conhecer

Passando ele pela terra de tantas coisas
desconhecidas jogadas pelo solo
- 'Até esses humanos não devem entender,
pr
a largar tudo como se não tivesse propósito',
Ele
absorvia sem entender e vivia sua vida
de entendimentos colados de rastros na própria pele

Um dia de tanto se perder
nesse (des)entendimentos do que é
o sem-fim de tudo o que é vivo,
o Camujo muito andou, esqueceu da fome,
do caminho...

E quando viu a terra estava escura,
e os pés que durante o dia se travestiam diferentes,
entre outras coisas mais se perdiam na terra;
e disso ele teve ilusões como olhos transparentes...

Quando se percebeu, viu uma moça bonita
cantar doces melodias...
Da sua voz que de muito recriava, mudou o mundo
E assim, num instante, de sua voz soou um canto perfeito
como idêntico som de pássaros e grilos...

Mas se percebeu o Caramujo, que mesmo da mágica,
de formatos de bicho não haveria de ter a moça!
E quando a olhou mais uma vez, sua imagem se desfez,
como uma miragem encantadora...!

E na mesma margem ele se viu abrindo os olhos,
sentindo a luz amanhecida entre a grama crua
E as vozes ainda perfeitamente incríveis, de pássaros e grilos...

Daí se soube, como a verdade do dia
em que ele perdeu a hora e adormeceu fora da rotina
E da moça ficou a aparição bonita
e mais um sentido além dos olhos,
até na vida de um pequeno caramujo contida...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma pequena nota viva.

O passarinho que pousa sob o muro
dono de uma fome de sol
que só o brilho de suas penas denomina tão bem...

Enche meus olhos de um puro tão belo
que a canção que ele não diz suspira de dentro
Ritmando poucos versos
mas encantando todo um universo

Que desperta até o detalhe de seu porte
sendo um gordinho passarinho
que parece que até as nuvens do céu engole

Pra ser justo tão macio em carícia invisível
de um completo insubstituível...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Do nome baixinho engolido pelo escuro.


Do outono que não tem medo do escuro
e ilumina o próprio dom
de olhos fechados sentir o conforto do tempo
a ser iluminado por estrelas...

Cadentes da luz interna,
vívidas sensações de mais que espera
Em continuar o ritmo de inspirar
o respirar em pleno contorno

De estação à outra,
entre perdas e passos novos.


domingo, 17 de abril de 2011

O pequenino entre dentes-de-leão.

E um inseto cúbico ou cônico,
ou de formato cru aos olhos nus
Ensina que se aprende muito mais
bailando na existência esparsa...

Em contar passos e respirar leves plumas
de mordiscar ou sorrir dias imprevisíveis
- sem o medo de ser leve, sem o medo de ser engolido

Pois a boca aberta da descoberta é sempre leve
É uma inspiração eólica, brindando um conto antigo
De palavras sussurradas em seguir entre as próprias raízes,
crescendo como ar nos pulmões sendo um nome simples

O mundo como uma casa nevando acima da sua cabeça
(então abençoada pela pequenitude):
são dentes-de-leão, devorando a dimensão e brindando o vento
retratando pensamentos com a metáfora mais bonita do efêmero
em pureza, se sentir...

sábado, 15 de janeiro de 2011

'Lenços sempre carregam traços de solidão...'


...como um corpo leve suspira uma sensação com o peso do mundo ao redor, levantando o vento - em realizar essa atmosfera, tão cíclica quanto real.
_Ela renova seus olhos cristalizando o que vê, tão cruel classificação das vias de tudo, uma teoria conspiratória numa redoma de diamante. Tudo friamente calculado, e mãos que se retêm em cobrir as mãos do que não lhe conclui, mas o pensamento tende a
ser fatal.
E um caminho recorre, como as dobras das mangas de pulsos frágeis, à tendência de seus lábios curvarem tudo o que sente, é a tênue linha que não diz, mas sustenta o equilíbrio das palavras. Como um rosto precipita a atenção de outros olhos, a energia que lhe desbrava o corpo, molda a figura. Uma alma levitando um gesto. Uma explanação que aumenta a ritmia do coração e induz o compasso dos pés...
_Como minusciosidades que aumentam o horizonte escolhendo as cores de dentro pra fora; de um momento à uma lágrima, a aquarela de avivar seu próprio ser lhe leva as fibras do fruto mais denso, consentindo a chuva a crescer um pedaço de caminho, e todo instante que lento comove o que de repente, será um constar de renovar os próprios e menores resquícios.


_Os olhos e de novo o mundo, dobrando a textura do porvir no sentir igual. Ela senta-se e tira do bolso lentamente, um formato que as nódoas dos dedos não mentem como finura essencial de tudo que transparece; todos os passos lentos, o olhar atento, e um vazio esbranquiçado respirando a existência das nuvens, um tudo com um tanto tão inspirador...

_E eis a sua solidão protegendo os olhos, escrevendo lágrimas numa fibra de solidão. Foi a tinta derramada num lenço, foram os olhos preescritos em mais que se vê, num forte claro e simples, é majestoso o simplificar o fluxo de uma passagem, e recolher a marca do sublime tom, em se compreender.

Ilustração e título de
Nestor Jr.