segunda-feira, 30 de julho de 2007

1 minuto

Suficiente pra entregar o tremor das pernas e constatar além dos olhos.
Levar adiante a ação do verbo e causar tragédias literárias.
Provocando idéias, abrindo o solo com o passo mais leve.

Quase sem penúria pra ser movimento pra
relógio e encontro.
Atraso suficiente pra angústia engalfinhar a paciência, encher com pranto os olhos, pra lágrima sentida no ombro doentiamente calmo da despedida.
Suficiente pra mudar uma posição e comprometer uma vida.
Tão raro quanto as cenas verídicas; a realidade pequenamente embutida como razão.
Ilusão comovida dos poetas, metáfora esbaforida da imaginação.... para o corpo estendido em qualquer canto era alongamento de respiração e vitalidade.
Sem piedade pra contar nos dedos, roía as unhas em desespero do livramento... buscava lugar para o que encontrou como se guardasse pistas de um crime horrendo;
por cometer o resguardamento do pudor naquele único minuto.

Aonde brotou o gosto de sua boca pelo corpo do desejo; longe de suas razões quase sempre fixas na relatividade.
As cores vibrantes desbotaram da parede em que se encostava durante o sono... coloriu sonhos, e seu corpo
Ficou como crepúsculo, encenando um fim inspirador.

No empirismo cotidiano, reinou o cansaço de se saber acalentada por cada unidade
Idealizando ela cultivava mais e mais...
O mundo parou num minuto, aquele estado de semi-sono fez de tudo, inerte.
Naquele minuto foi.
Naquele minuto não contou com nada.
Pois naquele mesmo minuto não era ela que atribuia.
Era o simples minuto que existia.
Visão de um minuto eterno, ela persistiu na lembrança, na unidade primeira:
do um pra constituição......

O rosto corado foi só circunstância, não dizia mais nada pois era reflexo dos objetos daquele nada.
Nada mais justo. E arrebatador.
Pois num reflexo ainda mais detalhado desse espelho a figura colocava nos objetos a sofreguidão da justiça.
Sincera demais, sua boca calada só conseguira ingerir silêncio.
Não mais ludibriada, consentida do minuto que já fôra. Agora era e não precisava mais de nada.

Ficou a marca na estrada dos freios, da parada.
E seu corpo estendido conseqüência do ato impensado.
Foi só um minuto e uma resposta.
Olhos que não disseram nada além da voz que quisera-se ouvir.
Cruelmente sábia, guardou no bolso as mãos, e deixara os minutos ao chão.
Quando isto era ela, previsivelmente sabes onde encontrá-la.
E sem piedade das horas.

Na contagem regressiva, esfoleou-se o tempo, restou a poesia.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

"...Vento solar, estrelas do mar..."

Caminhava à passos normais para sua velocidade concentrada
Observando o arredor com a vista progredida em torná-lo paisagem única
Podendo a cada posição saborear o ângulo do significado sobre o espaço
Por aquele tempo.
Não lhe importava que determinados seres humanos espalhassem o contrário desta figuração
Desde que lhe criaram o poder da língua, engataram-se as sombras das palavras na luz da expressão.
Pudera ele olhar para essas figuras e assimilar seu contorno para a sombra ser ciclo conclusivo, e não corrosão em armadilhas presentes para a posição viva.

A plenitude de uma coloração única, intensamente sua ao céu descia em faixa envolvente à terra,
Enlaçando-se na brisa límpida as almas transeutes nas praças, ruas, lares, manicômios e plantas à vista desprendida de vocábulos - quando ligados à sua estatura tecida, tão ainda pequenitude!

Passos abriam o chão na visão levitada de vôo possível sem grandes modificações,
um lado seu entregava-se ao dedilhar silencioso das probabilidades renovadoras...
Já houvera a natureza inerentemente trazer vento à permanência completa do Sol,
e pontiagudas estrelas na infinitude marítima
Que custava-lhe cancionar as asas próprias em queda celeste e luz irradiada com água acima da cabeça?

Ancorando a brutalidade enfadonha dos relatos fabulados, o ar frio era permanência do aconchego encasacado pelo corpo que em contrapartida despia a alma para o mergulho mais profundo que pudera compartilhar com todos os seres na paisagem.
Ao caminhar assim, à passos lentos para a perfeição inexata que todos os dias lhe era dada...

Espalhando bilhetes à ventania amada, pois o chacoalhar das folhas era o vestido que guarnecia a matéria concreta de seus sonhos
Delicada sensibilidade figurada nos lábios coloridos compastados com a razão estética, nas flores estampadas; interligadas à cada esfera pequena na forma, e explicada no movimento do tempo.
Que lhe ocupava com uma caminhada atemporal o suficiente pra lhe conceder uma fraca Lua ao céu, enquanto o Sol lhe aquecia.

Pequena vista muito alongada, eram sonhos, desejos escorridos à perfumes e uma única data.




"...Sol, girassol, vejo o vento solar
Você ainda quer morar comigo?
Vento solar, estrelas do mar
Um girassol da cor de seu cabelo..."


Imagem por Gatz (www.fotolog.com/gatz
)

quinta-feira, 19 de julho de 2007

EVidências

Acordou aturbulado por uma sensação prolongada de seu sonho, aquilo que era ''bom demais para ser verdade''. Porém, nunca fôra muito crente nessas expressões generalizadas, e enquanto aos sonhos, deixava sua ignorância declarada - num acentuar de conhecimento vago.
Depois dos atos quase reflexos do despertar para um dia, calçou, andou, escovou, derramou, sentou, encheu, passou, mordeu, pensou. E sentiu.
Querendo ou não, a fragmentação do significado dos sonhos ficava na sua cabeça como qualquer curiosidade que se espera ser explicada por alguma ciência conformativa. Mas se infiltrava bem na mente... não dava grandes créditos à astrologia, magias; sabia que existia, e acreditava no que poderia. Talvez com aparência oportunista, mas sensibilizava cada fato pela sua percepção.
Aquela sensação do quase real fixou um dèja vú, e todas as probabilidades que lhe poderia; mas novamente não era fato e ele descartou previamente. Prosseguiu nos atos e levantou, depositou, lavou, procurou, usou, arrumou e saiu.
Fez ao longo da longevidade da duração da sua obrigação meio desgastada. Quando pôde, avistou na janela cada elemento que nos frizos das horas marcadas distribuía com sol, pessoas, movimentos, reflexão quase atos do feitio que realizaria. E realizou.
Ainda fixado no pensamento comum de involuntariamente perceber que à cada telha, sapato, vitória-régia, ser existente, ele enxergaria uma ponta vitalícia que escapava pelo meio das mãos de outros ser sobreviventes que não se importando, provocavam sua própria degradação.
Sim, ele sentia muito pelos redores, e pela suas forma de andar, vestir, à muitos era frieza pré-conceituada. Mas não se iludia em receber o que queria, auto-conversão era uma etapa tão necessária quanto suas refeições. Nos livros, discos e palavras que derramava no papel, que contornava na fumaça do cigarro, que desgraçava nos seus vícios.
Em passadas calmas em meio ao crepúsculo apoiado a sua localização, em mais uma etapa da vivência diária, sentiu um perfume delicioso, encantador, sedutor na forma material imoral que seus pensamentos fantasiavam na sensibilidade calada pelas sinfonias populares. Ali então se importou. Circulou os ares ao olhar, em busca da fonte dessa perfeição. Mas nada avistou que pudesse ser tal progenitor. Encantou, mas perdeu. Ficou, restou, suas reticências à imaginação perseverante confirmou... mas continuou.
Titubeou, e num outro terço do relógio e seus atos cronometrados, estava num banco, à espera de nova feição, pelo atraso da hora, atraso dos atos que ainda pensava que atrasavam os anseios de todo o ciclo quando se regravam. Mas a difusão de idéias estava à peito aberto na espera da palavra certa pra lho dizer.... numa bolha colorida o suficiente pra formar arco-irís de sensações à miscelância da leitura. Lembrou daquele perfume. Mas não pulsaria a paixão por mais forte platonice que ele cultivava.
Porém desviou com golpes de pincel da alma amante da figura artística para às formações livres na compenetração letrista em estradas infinitas... E desviou seus olhos trazendo nova atenção, destituida de pretenção.
E então houve a queda da estrela do céu que hoje não a abrigou... num relance de vista, numa passagem personificada, largou a indigência de seus sonhos e pesares naquela matéria avistada...

Olhos bem delineados, como pérolas contornadas por traços pretos em ressalto à estética priorizada. Tinha um olhar majestoso que se ondulava aos deslizes de vem-e-volta que o ar ao passo dava à seus cabelos; e o perfume que não dela sentiu, era aquele aroma tão agradável que então quase gosto fez à sua boca - o mesmo pela tarde, aonde ele - como ela, ali - apenas caminhava. Se doce estava como o amor, é porque o gosto já existia. Mesmo na figura desalinhada, capricho que melhoraria na promessa interna re-feita todos os dias, as contradições que se impunha, os sorrisos solitários, e vida compartilhada sempre que tenuamente abrigava em tudo que existia - aí provando que não precisaria crer pra ser.
Teve a impressão de o agora ter deslizado ao aqui, num capricho improvável de que significados comuns eram fardos de momentos perdidos sem entendimento.
Naquele instante, o sentido fez fato, como o desabrochar de uma flor no marco de uma estação.
E alongou os sentidos na pureza do que resguardava, numa metáfora do que ali viu.

Soltando aqueles cabelos na medida da beleza que posicionaria à paisagem tecida nas ondas caóticas da sensibilidade aflorada, textura da saia, do movimento dos braços, numa moldura frágil da imaginação pintada pelos seus segredos, 'mil segredos delicados'...
Lambendo os lábios de contemplação despertada para ação, pôde ver junção nas marcas finas de seu dia.
Era um ressalto pequeno da grandeza que ele não pudera segurar consigo. Sorrira internamente sem precisar guardar desejos realizaveis. O gosto daquele pêlo, daquela harmonia que sintonizaria na devida voz aos quatro cantos, eram as aparências de cada passo e as dobras da folha em branco... Faria desse instante o pouco eterno de inspiração sem comando guardado.
Poderia nunca mais a ver, mas poderia eternamente num segredo evidenciado em cada ladrilho que ela pisar, ser.
Ali foi tracejada, uma forma pro destino. Ainda que dissipada, por cada novo domínio, era e então ele crêra.

Aí sairam os termos e ele compreendeu que a generalização era a sensibilidade oculta em cada sílaba não-dita da palavra realmente consumida.
Na evidente auto-censura da própria percepção.

Imagem por Amélia Vinhal

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Escultura literal

''Ela vai mudar,
Vai gostar de coisas que ele nunca imaginou
Vai ficar feliz de ver que ele também mudou
Pelo jeito não descarta uma nova paixão

Mas espera que ele ligue a qualquer hora
Para conversar
Perguntar se é tarde pra ligar
Dizer que pensou nela
Estava com saudade
Mesmo sem ter esquecido

Que é sempre amor, mesmo que acabe
Com ela aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou

Ele vai mudar,
Escolher um jeito novo de dizer “alô”
Vai ter medo de que um dia ela vá mudar
Que aprenda a esquecer sua velha paixão

Mas evita ir até o telefone
Para conversar
Pois é muito tarde pra ligar
Tem pensado nela
Estava com saudade
Mesmo sem ter esquecido que

É sempre amor, mesmo que acabe
Com ele aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou

Para conversar
Nunca é muito tarde pra ligar
Ele pensa nela
Ela tem saudade
Mesmo sem ter esquecido que

É sempre amor, mesmo que acabe
Com ele aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou.''


E não existe mais desculpa, só as farpas do tempo...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Ademanes...

Mirando la lluvia, ello sentia que sus ojos no eram los unicos que desaguavam. Estaba en secreto consigo miesmo; las flores marchitaram-se como su ánimo. Miesmo lleno de tiempo, de personas a su lado y abrigos para no sentir frío, lo afeto era ausente. El negro de sus ojos parecian más tristes, su face delgada llebava indecisión en una gran marca que la miesma mano que lo gusta, (ella) allí, estaba vacía, e había solamente una saliente recordación... pero sus manos estaticas resplandecíam esto frio que lo cobria.
La ausencia dos pelos negros, trajes finos, zapatos cuidados y amor en demasia dejaba su persona muy flaca, siempre a espera de días de Sol para hacer melhoras a sí, y claridade a lo retrato que sus manos tremendo no largaban.
Allí, con los rasgos físicos de sus gestos pasados y ademanes, los ojos hundidos a lo dicé que nadió lo va saber...
Ella, haga algo especial en su vida, y lo secreto hasta debajo de su forma... apenas, tiempo.

domingo, 8 de julho de 2007

Trajetória

Passando e fechando o portão, aqueles dois corpos faziam o premeditado ao dia estabelecido
Eram dois mundos, grande e pequeno na forma que habitava o espaço de tempo e crescimento
No enlaçar de mãos para a continuidade de passos, sensiblizou o contraste de temperaturas corporais, enfeites do estado como as flores que cairam das árvores

Não prescendia a igualdade na reciprocidade de movimentos
Um alegremente falava, impulsionava a grandeza esperada na chegada que buscavam naquela ida
O outro fixava silêncio, pois as palavras vagavam ''insólidas'' de seus sinônimos, sem peso para deixar a folha arrumada; no vento colhia os versos para seu sossego
E ali no tempo indeciso, as condições ambientavam-se na rota fluida de casa para casa

Um prévio desalinhamento das órbitas colocou o juízo consentido à linha curvada que os faria soltos das mãos por algumas horas
As condições postas foram se alimentando, e o mundo pequeno estava se completando da alegria que tinha na explosão das estrelas que à pó forjavam sua alegria no momento assim aguardado, agora então realizado com outros mundinhos...

Ao outro se deu a rota da volta do caminho, na constatação do sentido sensível em cada elemento que dissertava sua colocação
Vira seus pés, pernas e braços acolhidos no confortável tecido que a protegia, e as pontas enroladas, extensas de seus cabelos, figuradas na possibilidade de vista sem seu encontro ao espelho
Hoje a estética era padrão torto, não estava a busca de perfeição e nem pensara em o fazer para poder o dizer assim convicto

Assimilava limões, plantas e flores ao sentido do que eram naquilo que estavam
Eram figuras de um tempo, como limões, plantas e flores; molhadas pela chuva de agora e por si e a falta de vento: cenário daquele personagem inexato que a avistava
Uma casa lhe disse a descrição da canção que em todo o contexto a diria brilhantemente
E selando a quebra do domínio, separou os lábios pelo tom vocálico:


"Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar

E fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota

Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais."


E grosso pingos de chuva passaram a ali cairem densos, como o confirmar atemporal dos próprios senhores do condicionamento - que mesmos inspiravam suas fugas pelo nome de sol e chuva
Ao seu lado carros passavam, ao alto árvores a protegiam de um molhar intenso, e a melodia compassava os sentimentos em passos de lembranças, sensações ali postas, só conferidas naquela evazão de consciência sentimental...

Passara o apego do lugar a ter sentido na solidão que torturante à visão alheia lhe conduzia encontro
Não julgava nenhuma suficiência, porque gerava à tudo em passos adiante; fosse em falta, ainda o saberia.
Não atropelaria instantes pois não queria lamentações adiante
A longo prazo brotavam os instantes derramados sobre a folha, que o sossego de estar sentada os produzindo forjou



Isso então quando passou do portão e se disse adiante do portão, portas, assoalho, mobília e destino de própria preservação
Quando a canção mudara outros versos descreveram a órbita, mas dividiam o mesmo sistema
Ao menos na passividade deste dia ela não tracejou rotas para seus passos, e sua rotação não previu nada
E num aguardo sem ansiedade frenética aguarda o realinhamento ou nova eclosão espacial
Para que as condições do tempo aguçem sua percepção, e que de mundos em mundos ela viva o instante em libertação...

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Aguarde o fim dos tempos

É preciso ser uma Maria, é preciso ser um João
Pra não cair numa rotina desgastada da solidão agrupada no conformismo da obrigação
Na beira da calçada avisto o céu limpo se formar e homens e máquinas não se ajustarem a diferenças gradiosas
Frio como aço e empenhado na ordem
Ordem sem progresso, pois as letras de seus lemas já cairam, e grande parte mal o sabe ler
Dele retiraram o amor e o regresso só fluira como lembrança do caos
Mas os operários sorriram achando figuras na fumaça agoniante, pois não se acham mais nuvens puras
Um pouco de verde se têm, mas daltônica está a vista ajustada à concreto da construção e consumismo
Sendo que o mais rarefeito ar está nos exterminando
Como a erva daninha que o seu prato principal que já foi vida engoliu e você na cadeia alimentar, erdou de presságio para o rebanho
Nova carcaça, admiráveis gados novos.
Já sem pasto, e contentes com a figuração
Uma era de reprodução sem criação
Nem de desenhos, nem de filhos
Mais uma estatística, mas um dia que começa, e evolução nos pisa, mas é o dilema da salvação, no livro da pregação de milhares de anos atrás debaixo do braço ( e desgraças debaixo do seu nariz).

Conformados com o pobre ser feio, porcos sujos, rico bonito, o diferente impossível
Deus supremo e Diabo mais dito; valores estagnados nos pecados de a.C.
a Era Vulgaris gasta dinheiro, implanta seios e fala de amor verdadeiro

E criam-se mas vias de sustentar o que não traz felicidade, mas di$córdia, fal$idade e desumanidade que já não tem sentido, é detalhe, lamentado;
o salário e uma cerveja aposta que o Flamengo amanhã vai ganhar, e a Rita mês que vem vai se separar.
Indícios de uma mudança brusca, pra estagnação corrosiva da ruína e completude da não-evolução.


Aponta-se o culpado sem olhar pro próprio nariz, e edifica-se a culpa e diferença sorrateira do Sr e do João que todos os dias afirma sua negação
Espera a quentinha das mãos frias de Maria, que se prepara pra retalhar as verdades que são panos à céu aberto
Alienar as vestes e incorporar o corpo de fantoche
Ser mais condicionado e no fluxo da salvação
Deixando a vida na cesta à pedir louvor e se quer estender a mão pra teu irmão que na rua faminto lhe consultou.



Você me ajuda, e peço que Deus lhe pague
Meu dinheiro é suado, confie mais nos padres.
A mentira é interesse, mas a verdade é uma visão
Economistas falam de visão de mercado; não sei o que significa só sei que inflação, não é bom não
Folhear o jornal pra ver desgraça não vale à pena e horóscopo? Hum... quem sabe não tenho a sorte de ganhar na Mega Sena?

Não sei porquê, mas as pessoas andam se odiando demais, é tanta falta de querer mudar que a vida corrupta só tende a crescer...

Mas se a Maria e o João não arrumarem rupturas, até onde vai a podridão?
Costurar a chaga da ferida e tapar o buraco do ladrão resplandecem a roupa rasgada do mendigo e estruturas faveladas
E lá no Congresso, a ordem e progresso anda bem, agradecendo o sim que você concedeu.
E então, não há Deus que pague a comida de teus filhos e o amor da mãe desesperada porque a morte de João foi de bala perdida e dói como alma vendida...
Alvo da mentira que se espalhou na avenida...
De que haviam novos tempos e a consciência foi descoberta; mas a oferta na esquina só ofereçe um buffet com sobremesa grátis, e nenhum tipo de vida melhorzinha...


Houve uma mina descoberta nas calçadas, implantação da cobiça exasperada pelo combustível da conveniência, estuparam a inocência afim de adquirir seu líquido pra dar um tom mais realista às bonecas das filhas de toda Maria
As bolas eram recolhidas na esmola do pequeno engraxate, com o sonho reciclado
Por pouco não falido, pois no chão estava todo o lixo
O cestos já estão cheios de orgulho, e a multidão espera pelo Messias que recolha os bons sofredores
Lá na praça pública foi convencionada a convivência frívola, os senhores trariam cores pra devoção, novos ares, belos rumores
Fosse o que fosse, sairia de nossas mãos
Eis a energia forjada... a bomba atômica está nas mãos dos escolhidos.



Enquanto isso, cantamos o popular, dançemos pra pegar o amor alheio
Esfregamos corpos pra ver se sai algum líquido suficiente
Pra lavar a alma desse povo penoso e dessa culpa crescente

Um nó na garganta dos que esperam ansiosamente, pelas portas abertas sem um fundo de percepção...

E pra velar João não houvera nenhuma flor, a chuva renegou-se à cair e a misericórdia não floresceu
Agora o tempo passara e não tinha propósito pra se acreditar
Fosse a morte o ponto de exclamação conformada, o calibre da represália assolaria cada furto, cada memória póstuma da dívida herdada
No sangue do índio derramada e no sangue do boi de tua morada

Hoje bebemos o líquido da vida consumindo a morte
Eis a vida se contradizendo no dilema da solução
Sustentamo-nos violando.

Mas é um ciclo, crie sua pequena Maria, a vida está começando pro pobre João
É preciso ser cada um deles pra continuar
A vida não pára e o tempo não espera
Pra não morrer imprestável seja mais um fraco, mais um coitado.
Esperando por Deus e seus anjos misericordiosos... No fim alegre, de nossos tempos.
É um absurdo?
É o que dizia a placa do postinho:
Aguarde um momento.



Confiar. crer. ser. restaurar. reciclar. renascer. dar um passo. sobreviver. não tem esforço, você simplesmente passou a ser.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Matérias

Laranja era fogo, ácido e a cor do cabelo (desejada)
Verde eram olhos, campos e personagens de suas risadas
À azul o céu borrado com o branco sem definição.
Vermelho era a fruta e a cor que transpassaria uma correnteza para aquele dia...


E então os dois deitados. Corpos que dividiam o espaço para serem juntos, por si.
Na altura direta de olhos, rostos com todos os traços alinhados, opunham-se à postura extraviada do correto, disciplinado.

Ela sempre gostava daquele momento. E ele também. Estavam juntos, e isso era um fato bom de se dizer até consumir - nem que fosse só por acreditar, era.
Ali não existia espaço de tempo para ceder a possibilidade sôfrega da ilusão. Ao menos na linha direta de um desejo não era. Nem no fluxo do silêncio. E a corrente que formava a aura das sensações, em grilhões de lembranças póstumas.
Tempo que passou e ela anunciara quando passou a dizer aquilo que dentro de si palpitava longíquo, mas perto dele, especialmente, perdia as leis da condição da física.

Começava com idéias subjetivas que aquela atenção inocente lhe fazia perder a diplomacia e acabar em profundos desejos, medos daquela sombra de tempo e falta de sustentação. Lhe expunha todas as questões já resolvidas, das quais ele com sua docilidade sensata só apontava os pontos finais guiando as mãos dela com um olhar.

Seu amor triunfava com uma aproximação tão cheia de ternura que nela acomodava fundo; aquele receio de cravar e não-mais sair, posta a condição do não-durar, o tremor de machucar era incalculável. E na perdida velocidade da expressão intensa, a medida resguardada da angústia se fez em lágrimas explosivas que ele secava com o aconchego de seus ombros e amor imponente na compreensão abrigada.
Ele a fazia pensar em só sentir, e suas angústias forjadas pelo carinho se desistiram; aquela manhã tão cinza se passara nos olhos de cor diferente que a fez vivenciar o período, mãos de produção colorida, mosaico do coração.

Ela acabou adormecida pelos gestos que deslizavam as curvas abissais do amor. Feitas pelas mesma mão e mesmo desejo. Não dava mais tempo pra fugir e nenhum atalho se parecia fugidio, e nem tinha forças no corpo estirado e peito aberto.
De qualquer modo, era mesmo amor.


E ela não esperava mais contar com as possibilidades. Porque a espera é um ensejo do tempo, e ali ele não existia.
Se havia o medo da sustentação, que deixasse o amor a consumir; se arrebataria um peso e pronto estaria o vôo.
Com as mesmas asas que a densa noite lhe fornecia no acalento das mãos preciosas que a embalava na opressão inocente do amor inexpressivo. Porque era só naquele momento e aquele olhar que ela via na vontade de suas mãos que completavam o ensaio deste instante.

Eles então se sabiam no tempo que para o aconchego não existia, no intervalo de tempo do pensar na rotina e libertação dos corpos com o salto da alma para aqueles mesmos corpos; concede a alma no dia que pesa a mente pensante.


Não larga nunca minha vida, surto de amor prestante!


Assim ela esperava que ele sonhasse na sua companhia. Deitada sobre as cobertas que no peso do corpo delinhavam a figura dela sozinha.
E alinhada pelos par das mãos, dos pés fugidios, e todo o corpo que de coração à alma figuravam no par a expressão dos sonhos, e da fantasia realista que nele se encontrou.
Assim se acabava sem a ilusão de um final feliz; pois batia o sono e o ponteiro desgastante do relógio propõe as matérias em cada lugar que se apetecia, e o chegado momento de dizer o que lhe guarnecia...Nos dois à par das matérias, que fica simplesmente dita e sentida com expressão de sorriso e calor: te amo.




Na matéria estalida de gelo, fogo, pedras, aconchego e espera; são fluxos, ventos, sorrisos e um fluxo de entrega dada pela intensidade do nosso sopro.
Ânimo de amor, caminho de isopor. Branco para coloração ficamos aquarelando os sentimentos na paisagem de cada instante nos dado. Se posso sonhar, não me frusto com tua não-chegada.
O corpo se degrada, e a alma... ressalta.



"(...) Tu cairás comigo como pedra na tumba
e assim por nosso amor que não foi consumido
continuará vivendo conosco a terra."
(
(Pablo Neruda)