quinta-feira, 30 de abril de 2009

Embrasse

O calor das palmas pelo corpo, é fundir a matéria da existência em ferro de força, latência de viver. E se desvanecer dos movimentos, é a sensualidade para pedir mais, e no momento do aconchego mais que perfeito daqueles corpos.
Ela podia fechar os olhos e sentí-lo dentro dela, perscrutando-a por fora, e sinalizando o desejo muito além das pretensões mundanas.
No momento em que os olhos se encontram, ele não sabe esconder a luz, nem que fechando os olhos, são estrelas fixas e imóveis na mente, inesquecível a pureza que ela carrega dentro de si, e tanta lascívia que sem arma, é cativo e forma suprema, pra trazer paz.

E nas horas inexatas eles se encontram, trazendo sorrisos em formas sutis, plenos de um amor que não escreve e nem traduz no que já se sabe,
ou aprendeu-se a dizer;
vale a pena ressaltar apenas que as certezas são surpéfluas perto do sentir, e o que compensa é a condensação do sublime num toque etéreo e eterno - colidindo a existência e a condição de mortal
pra vivê-los e morrer de amar mais do que se pode.

sábado, 25 de abril de 2009

Not for every day, sunshine

O caminho se prestava de uma estranheza visível, gotas de chuva misturavam-se ao suor do dia temperado tão quente, nas condições de existência que passavam-se agoniantes no meio da indiferença, e ressaltadas agora, pela surpresa pra entender a realidade: uma caótica saudade.
O costume da paz pelo nome que desejava gritar mundo a fora resplandecia-se nas aturbulações que frequentavam seu peito em pulsações, e, pulsos, que já não sabem mais argumentar ações de salvação - então o jeito, fôra viver.
Carlos estava calçado sem luxo, sapatos escuros e empoeirados, rastros do tempo correndo, correndo. E vestes escuras, casaco para acompanhar a estação, cachecol para juntar seu gosto a tentativa de recorrer ao tempo por completude; os cabelos desgrenhavam-se ao vento que passeava com pressa pra entender o tempo e desfilar nas existências humildes o poderio do intemperismo: 'do nada que somos, o karma da espera é o que carregaremos'.
-Ah, como é debochado esse tempo soberbo!

E prosseguiu...
Andou seu rumo, guiado por pensamentos que não iriam chegar a lugar algum que fosse a terra em solo de suas memórias correntes e vontades corrosivas de tempo sem prazo, apenas a vaga da vida ressurgindo em suas mãos e acalentando o imutável como eterno inacretável - o fundo de toda realização plena. Largou o livro que tinha nas mão em cima de uma pedra da qual estendia-se comprida, e sentara-se ao lado do mesmo, sem abandono, estava tão distraído que palavras soltas eram borbulhos dessa loucura toda que não tinha fim, -Sabia desde o começo.

À sua frente pairava um lago, e sua tácita impressão da superfície plana para profundidade ser estudada, e sem fundamento, um mergulho sem volta, pra intensidade afogar-se na complexidade do mesmo coração farto - submergindo a si próprio em idéias distantes e tocáveis.
As mãos tocando água para saciar a sede transparente, do fardo invisível de sentir, o sereno que se mostra insípido e essencial.
-como sinto tanto se não posso mais ter?

E a condição das folhas caindo, deslizando sublimes sob a superfície frágil e imprevisível... Ah, entendera que o peso do corpo é o fardo da condição - mas não há válvula de escape pro amor que é sublime e aterrador, ah jogara folhas ao vento de palavras, interrogações ao surdo senhor,
amado, me responda: quando, quando há de o vento devolver-lhe a cor?
E não falamos de vestes ou de cenários, ou do que há por trás da neblina que encobre o fim da história que precipitou-se a um meio em labirinto e universal infinito de recorrer ao inexplicável, é apenas, a significação da palma da mão trêmula, que larga intimidada o que mais adora e parte para o vazio, cercado por montes, barragens, trincheiras, que fazem a mente, infeliz sequer coerente deslizar pelos nervos e limpar os poros para sentir o frio.

Pois estava tão cálido, que derreteu o sol do céu e deu o parto das nuvens cinzas, na confusão de dentro pra fora: chegou como um espelho a água calma por si só - inocente engoliu o último raio do poente, e devolveu pra si mesmo a verdade mais latente; retirou o telefone do bolso, apertou botões como se chamasse a atenção com as mãos, e a combinação chamou ao que atendeu e ele disse: - estou desesperado sem você por aqui.

E o dia, acabou ali.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Flores novas

Abre os olhos e sente o cheiro ocre da manhã; o ocre do apático. O corpo remanescente de mais um dia que infiltra seus raios pelas frestas da cortina e impede o disfarce da luz, e não adormece mais a existência que quer esquecer. E subitamente, quando fecha os olhos em nova tentativa, se ajeita e sente infiltrada na fronha, a sensação de um passado, num cheiro de vida plena: uma lembrança sinestética traz a pulsação frenética como um sonho passando vívido para o tom da realidade.
Um súbito lirismo que não saberá nunca dizer enquanto apático e mudo, no fundo da cama, esquecido que o coração dá ritmo, pra harmonizar o caminhar.
-

É estranho e bonito, sentir a dor como frêmito de um novo começo, aonde a lembrança rege o outrora como vida inexata que parte agora, a capacidade de sentir sem regressões, mas em essência intransferível da verdade: é sentido, é sensação, é engano dos poros escondidos na malha fina que colore o reflexo no espelho e explica, sem razões, que é o impulso silencioso pra romper o crescimento natural e deixar transbordar vertentes pelo demasiado, e na intensidade suprema, indicar que o tamanho não é nada demais.

Enquanto é hoje, dá pra suportar; o calor e o caminho resplandecem que o tempo é curto e o sentido dá tanto, que se não fizer vai deixar cair, e vai inundar os pés, e encharcar a vida numa terra que precisa antes de tudo, adubar.
-
Aleatoriedades para flores novas em terra mal-tratada, de capacidade tão intensa, que o contraste nublado do céu não impede o calor da sensação,

e entender a vida toda num suspiro, numa gotícula,
fonte de respiração pra inspirar o pensamento a ser sensível enquanto bruto;
e defender-se do vento deixando o peito aberto, o corpo estendido para o mundo
no seu repouso inteiro, a cor da cortina espelha o mundo,
e partilha o cuidado dos tons dos sonhos, no travesseiro.


domingo, 12 de abril de 2009

Mãos ao alto,

Ainda que tenha dito tantas vezes 'Adeus',
nunca aprendeu a lho apartir de si mesma.

vazias preces de cura.

sábado, 4 de abril de 2009

...tão sozinho de saudade...''

Mas faz tempo que o coração não desperta em paz.

E toda folha de jornal é verdade muda,
do mundo conturbado nos seus sons sem fim,
que não cobrem as onomatopéias da falta...
E o jovem se esbalda na canção que brotou das suas lágrimas,
repleta da dor de seus ouvidos.

Ah saudade,
como te apropriastes do silêncio,
e gozas da solidão pra usar a dor como mais funda maldade
de um corpo pobre, doente coração
da manhã descartável.