segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um cântico da doçura encomendada

*

É sentando por instantes na beirada do tempo
que se remexe os pensamentos

e o que da ternura ou acidez deles se levanta,
vem um eco de lembrança

Uma escrita que o tempo joga poeira,
mas a pele reconhece sempre que arrepia-se movimentando
esse pequeno fragmento
(é tempo?),
de novo, como sempre - e como se nunca houvera sido.


As distâncias que têm nome vão se dissolvendo
como um observar ao céu,
como se elas materiais,
pulassem poças e só sentissem o vento no rosto

- uma licença poética pra dizer como nasce um sorriso...

E surge a visão, o gosto, o delírio, a sinestesia embriagante
que é, elucidar o incrível do simplesmente, pequenino e integral,
pulsando das cores de tudo,
embora todas as metades desbotem um dia

(é chuva renovadora!)


É da proporção inconclusa,
da dúvida motivadora das borboletas internas,

que as pulsações criam a melodia que dá vida pra música,
que assopra o suspiro, que delira uma tarde de domingo,
em levitar,
existir como dente-de-leão...!

Um passo ao infinito dado no mesmo lugar,
as luzes se esvaindo, palavras tolas
e o cansaço brincando de amar,
como se em todas as noites se pudesse reinventar estrelas...



.
.
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Ela nunca trascrevera tudo, pra deixar assim;
uma fresta, uma vontade, uma reticência, que diga devagar e sempre, que há mais rastros além da luz.