sábado, 28 de março de 2009

11:58h

Um par de olhos verdes se olha no espelho e repara o rosto todo abatido pela solidão.
Olha para o lado, avista a Tristeza, e diz:


-Bom dia!

terça-feira, 24 de março de 2009

Do galho mais alto

A morte mais doída foi a do pássaro que cantou tão alto,
que estufou peitos para suspirar, e libertar-se - foi um destes que;
no vôo mais alto, num vento que não pousa em flor
cortou as asas e deu a queda para aquele que mais amou
saber que existia a clamor...
agora geme, sofrido, a falta do professor, que partiu
e levou outras asas, assim que não escutou mais o que é
o horizonte da liberdade nos olhos que lhe querem incomensuravelmente.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Diálogo de suposição

E o Desejo fala para o Contentamento:

- Como posso me satisfazer te apalpando, se não te toco?
...
-O silêncio, como responde?

-Me mata.

...

domingo, 15 de março de 2009

''...If I could be who you wanted, all the time...''

As mãos apalpam, e grudam na textura que depois de decifrada,
é mistério pra alma:
será que guarda sinestesia além desse epitélio?
O epitélio que não passa de um suspense desse desejo que se esconde além de camada sabida
é fonte desejada, indecifrada saciação por matéria em falta. falta.falta.falta.falta.falta.falta.falta.falta.falta.falta.falta.falta.falta.
Pois do que apalpa as mãos, rabiscam as unhas escrevendo anseios
Tintas de secreções minhas, linhas de digitais, únicas humildades dos toques,
habilidades sublimes do acaso que não se escolhe,
mas pede-se para que domine... e além da posse,
é da falta que elas falam pra produzir e gerar o ar
a enfeitar o vácuo em que se esbaldam (vãs), e se fecham, no vazio das mesmas palmas...

Alisam para que entendam,
friccionam para que persista
a conexão suja dos sentidos com o engano
de que a falta sumiu na poeira que não cola nas mãos limpas,
só invade a alma límpida que no móvel imóvel se fixou.

Muda a escrivaninha de lugar,
mas o lugar, continuou;
indelével submissão de dedos,
e o rosto que se esconde neles se esfrega
como bicho no cio
que se comove recriado nas pontas dos dedos e da escrita,
mas sem qualquer salvação.

Deita sobre o leito das palmas unidas
essa impressão que não passou dos instantes,
e estalou nos dedos impacientes
essas palavras abarrotadas, inconsequentes,
donas impulsivas das demandas dos poros

É selvagem a contagem dos que se multiplicam
e na hora da saudade, explicam inúteis,
que o vazio mora na suficiência de estar-se.

São cinco contra um;
dez contra um;
vinte contra um;
mas, longe fica o coração.

:

-Adeus, largam as mãos.