terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Aspas vertendo pulsos

A paz é um par de olhos de dentro da gente.
Cego, mudo, opaco, vivendo numa superfície fechada
que mesmo com a palavra não sabe o que é plano, corrente,
à beira de erosão
ou de um infinito imaterial.

Uma corrente que não atravessa paredes edificadas com massa espessa de inteções variadas
Não explica a fertilidade do grosso solo debaixo dos pés, com tanta proteção machucando nossos riscos que deveriam ser nossas esperanças mais vívidas
As utopias que pedem peso nos faróis,
nas lacunas, nos bueiros, nos olhares

Mas não fazem parte de um saber, e tampouco podem ser suficientes para não existirem, também.

E daí um corpo entre tantos,
uma dor entre várias,
uma torrente entre cicatrizes e exasperações;
um acúmulo expandido:

Um córrego que não passa, só cruza.
E faz das entrelinhas o dia-a-dia
preescrito em cinzas que o céu dissolve escaldante,
ou enlameia nos pés, caindo de cima.
De uma altura sem pés,
calcificando o asfalto e assim tirando o rumo.

Então os pares se perdem,
os olhos aguam,
as entrelinhas fundas preescrevem o tempo úmido
sem precisar de previsões
E no mesmo tão óbvio,
as pazes esperam.

Ei-la vida querendo dizer algo que
suspende sempre do entendimento,
mas se faz pelo que se vive!



Pontos magoados, se entrecortando -
um entanto fundo demais pra ser só ferida.
Peço linhas duplas, por favor.