terça-feira, 28 de outubro de 2008

Toca-se súbito

Enquanto números são discados na busca do que d'outro lado datilografa-se, o tempo urge como incomum para o que dividido, só faz somar.
Na busca pela voz os segredos são pronunciados nas pausas, ao respirar condensa-se o vital,
e a temperatura toca a pele que toca a alma,
um arrepio de metaforizar.

Ela escreve sem o escrúpulo de pensar piedosamente,
ele ausenta-se nos atos pra sentir no tempo restante a falta, sem piedade.
Quiseram-se estar crus para conceberem-se plenos.

Nas fibras que deixam explícito que há barreiras,
mas há visões que as mãos tocam, e desenham:
telefones e palavras,
no retorno do que não se pode segredar.


tão fatal e inteiro, resplandece o fluxo desprentecioso e condutor longíquo...

- Amor?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Lufada

_A brisa penetra espacejada no quarto em que desenha o tempo, enquanto ele couber em palavras. O aroma da grama marca-se extasiado, pela lentidão que deixa-se passar tão amolentada pelo calor do dia todo. Percebe-se no sereno iniciante da noite a tranquilidade que faltou o dia todo, e que uma noite bem abriga repelindo com ternura qualquer dizer - ainda que ousasse querer falar. Os olhos fechavam-se suplicando piedosamente o silêncio do que é calmo, o fluxo do que é constante. Os ventos uivam o que está exposto, o coração entende florindo sensibilidade.
_O corpo estende-se como campo, na cama que induz o chão para quem se guarda, o choro que lava; o gozo que escorre; a saliva que rega; a palavra que embebe o princípio, o nome é o que move os lábios. Uma Mansidão para entender o que significa, a pausa para compreender o que envolve; é a brisa que participa do contorno de cada poro em membro desta menina - que engole o mundo no suspiro de um instante.

A interpretação do dia que corre vai na estadia que o corpo resguarda.
Enquanto o mundo salta das alturas à precipícios, ela voa baixo, com os espinhos deixando-a com a potência de ser leve, sem tirar os pés do chão. Os ruídos que quebravam a orquestra invisível apenas foram os ecos dos apelos que gritavam adeus, enquanto o vento fazia Um; nos seus braços que devastam o que não se fundamenta.
_As pétalas nasceram na canção que parte os seus estágios, e desenhou-se o resultado do tempo em semente; a Flor marcou a estação do que chegou natural e abriu lentamente portas, janelas e cortinas, pra esbarrar lenta e perene no que é, indivisível.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A Velha e a Moça

O caminho se mostra devagar com o andamento calmo e preciso das mãos
Enlaçadas mãos cabem a viajar o mundo no cuidado de quem preserva,
a exploração máxima do que ama, sutilmente...

Pra quem enconsta o que há cansado, há o mesmo tanto de curiosidade pra quem sustenta
Se junta a imagem com a fonte toda, não há tempo que pereça.
E se os passos se cuvam poucos,
as palavras emergem na respiração cuidadosa;
dentre os sons vocábulos são repletos do significado do que é sincero.
A emoção cuida da saudade pra ser a intensidade da realidade.

O espaço é quem submerge a história na linha dos cabelos,
esvoaça as verdades pelo vento que recolhe imenso,
a troca do que é intransferível, dira-se aos poucos, passos do que é imortal,
nos traços há a cor do que provoca os sentidos pra sinestesiar-se
num beijo ao fim do dia.

Se alguns passos se dão desenfreados pela ânsia da descoberta a conhecer,
outros são lentos e cansados, pois trilham com cuidado apenas, o que se quer manter.

A matéria de um encontro é o querer.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eu conhecí uma garota que eu já conhecia...

O roxo estampado foi o que me chamou,
e como um raio se alongou costurando a silhueta,
indo aos cachos voando altos, e alongadamente
seus pés voltaram-me o chão, nas costas de certeiros rastros.

A espera por um gesto instigou a forma de imaginar tão precisa ao que penso,
que ela já nem mais precisava me pensar em dizer
Sua voz intercalava meus ecos e eu vislumbrei naquela pose
uma estátua de argila; mole e fatal.

No balanço que surtava minhas lembranças,
torci por um gesto que eu havia considerado dentro de mim mesmo antes de consumado,
e a vontade de saber tornou-se certificado de que eu sabia,
querendo o que eu já possuía.

Estranhamente signos de apossaram singularmente de duas criaturas,
e eu criei das circunstâncias um escape para coincidências assim que a perdi de minha vista;
vista que não abandonou os olhos,
pois ao menear sua cabeça ao ar que a rodeava, seus olhos pousaram sobre o espaço;
e meu rosto estupefato concordou:
na paleta de meu acaso achei o verde que queria,
pois lá no fundo daqueles olhos achei o que me remetia;
indigente meu eu tingiu-se na cor de minhas preferências, jorrando no caso da vida leve,
o encontro do que me movia; detalhes d'eu mesma.