segunda-feira, 23 de maio de 2011

O tom lilás daquele nome.


A flor de alfazema preserva um sorriso antigo. E o amarelado de seus dentes faz sentido. Há poesia como uma carta guardada, que revela tanto nas entrelinhas de seus lábios. Uma negação que só é recomendável no balanço de sua cabeça dançando a ritmia que funde pensamentos.
E o som dos sapatos no chão são um coração pensando alto - talvez só o meu, é verdade, mas a cor de sua saia girando melodias, contorna a aquarela desse momento.
E o relógio não pára, o mundo revela seu movimento num truque de mãos, deixado na luz da aurora brilhando sob a mesa esperando que estas palavras lhe aconteçam...


De um profundo bem-querer que rememoram seus olhos de tom comum e soberano. De uma pureza tão célere, que é o todo revelado. Um átimo simples que nem em tudo se percebe, mas reserva a essência da alfazema e uma alma plena: inspirar o cheiro que preenche os pulmões e enche o mundo feito um balão, condensando o encanto de um trovão em pura-luz e a naturalidade de achar um diamante em poros a olhos nus.

E aquele nome é sutil como uma linha solta na roupa: depois que percebida, é só um tom pra desnudar a alma toda.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Do Caramujo que caramujava

(e da vida que pode ser outra quando vozes bonitas...)

Um caramujo andava pelo mundo,
respondendo seus anseios que a gente não vê
Porque ele parece mudo - mas é ele quem está
bem mais próximo do que pensamos conhecer

Passando ele pela terra de tantas coisas
desconhecidas jogadas pelo solo
- 'Até esses humanos não devem entender,
pr
a largar tudo como se não tivesse propósito',
Ele
absorvia sem entender e vivia sua vida
de entendimentos colados de rastros na própria pele

Um dia de tanto se perder
nesse (des)entendimentos do que é
o sem-fim de tudo o que é vivo,
o Camujo muito andou, esqueceu da fome,
do caminho...

E quando viu a terra estava escura,
e os pés que durante o dia se travestiam diferentes,
entre outras coisas mais se perdiam na terra;
e disso ele teve ilusões como olhos transparentes...

Quando se percebeu, viu uma moça bonita
cantar doces melodias...
Da sua voz que de muito recriava, mudou o mundo
E assim, num instante, de sua voz soou um canto perfeito
como idêntico som de pássaros e grilos...

Mas se percebeu o Caramujo, que mesmo da mágica,
de formatos de bicho não haveria de ter a moça!
E quando a olhou mais uma vez, sua imagem se desfez,
como uma miragem encantadora...!

E na mesma margem ele se viu abrindo os olhos,
sentindo a luz amanhecida entre a grama crua
E as vozes ainda perfeitamente incríveis, de pássaros e grilos...

Daí se soube, como a verdade do dia
em que ele perdeu a hora e adormeceu fora da rotina
E da moça ficou a aparição bonita
e mais um sentido além dos olhos,
até na vida de um pequeno caramujo contida...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma pequena nota viva.

O passarinho que pousa sob o muro
dono de uma fome de sol
que só o brilho de suas penas denomina tão bem...

Enche meus olhos de um puro tão belo
que a canção que ele não diz suspira de dentro
Ritmando poucos versos
mas encantando todo um universo

Que desperta até o detalhe de seu porte
sendo um gordinho passarinho
que parece que até as nuvens do céu engole

Pra ser justo tão macio em carícia invisível
de um completo insubstituível...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Do nome baixinho engolido pelo escuro.


Do outono que não tem medo do escuro
e ilumina o próprio dom
de olhos fechados sentir o conforto do tempo
a ser iluminado por estrelas...

Cadentes da luz interna,
vívidas sensações de mais que espera
Em continuar o ritmo de inspirar
o respirar em pleno contorno

De estação à outra,
entre perdas e passos novos.