terça-feira, 19 de outubro de 2010

Último andar

A vertigem de cima; do andar, do olhar, da origem, de estar acima dos pontos mortos que se vê focando, tão longe que nem o atrito da esperança em si lhe provoca o alvo de atingir - é só um pouco de paz que dá vontade de ser sublime.
A espuma de um café, a garganta com o vivo amornado nos gestos do dia a dia, entre o horário de verão e o vento frio que desatina a letra no papel. Sílabas e lentas letras se precipitam logo a fora; a vida flagrada em princípios coletivos, logo um desabafo e já não está mais só.

E a narrativa que lha consome devagar. Um dia lindo e mais mesmice a expulsar a vida. E o próprio medo consentido.
É um pouco de saudades, outro tanto de desânimo, horas lentas, café... e mistura pouca de tanto, que dá embrulho no estômago.

Porções entre possibilidades. E mais um dia e o tempo só,
soando, entre ventos e pairagens, que as palavras
abrigam como vasos solitários de flores a brotar...
estações e perseveranças que nem sempre calçam o mesmo par.
justo quando disseram que dois não são só uma medida...

...ela multiplica a vaidade e constrói um refúgio pra si,
não mente, mas a que não se lembra respira, adormece
e o sonho está por vir.

Photo by Julia Iwo

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