domingo, 8 de julho de 2007

Trajetória

Passando e fechando o portão, aqueles dois corpos faziam o premeditado ao dia estabelecido
Eram dois mundos, grande e pequeno na forma que habitava o espaço de tempo e crescimento
No enlaçar de mãos para a continuidade de passos, sensiblizou o contraste de temperaturas corporais, enfeites do estado como as flores que cairam das árvores

Não prescendia a igualdade na reciprocidade de movimentos
Um alegremente falava, impulsionava a grandeza esperada na chegada que buscavam naquela ida
O outro fixava silêncio, pois as palavras vagavam ''insólidas'' de seus sinônimos, sem peso para deixar a folha arrumada; no vento colhia os versos para seu sossego
E ali no tempo indeciso, as condições ambientavam-se na rota fluida de casa para casa

Um prévio desalinhamento das órbitas colocou o juízo consentido à linha curvada que os faria soltos das mãos por algumas horas
As condições postas foram se alimentando, e o mundo pequeno estava se completando da alegria que tinha na explosão das estrelas que à pó forjavam sua alegria no momento assim aguardado, agora então realizado com outros mundinhos...

Ao outro se deu a rota da volta do caminho, na constatação do sentido sensível em cada elemento que dissertava sua colocação
Vira seus pés, pernas e braços acolhidos no confortável tecido que a protegia, e as pontas enroladas, extensas de seus cabelos, figuradas na possibilidade de vista sem seu encontro ao espelho
Hoje a estética era padrão torto, não estava a busca de perfeição e nem pensara em o fazer para poder o dizer assim convicto

Assimilava limões, plantas e flores ao sentido do que eram naquilo que estavam
Eram figuras de um tempo, como limões, plantas e flores; molhadas pela chuva de agora e por si e a falta de vento: cenário daquele personagem inexato que a avistava
Uma casa lhe disse a descrição da canção que em todo o contexto a diria brilhantemente
E selando a quebra do domínio, separou os lábios pelo tom vocálico:


"Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar

E fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota

Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais."


E grosso pingos de chuva passaram a ali cairem densos, como o confirmar atemporal dos próprios senhores do condicionamento - que mesmos inspiravam suas fugas pelo nome de sol e chuva
Ao seu lado carros passavam, ao alto árvores a protegiam de um molhar intenso, e a melodia compassava os sentimentos em passos de lembranças, sensações ali postas, só conferidas naquela evazão de consciência sentimental...

Passara o apego do lugar a ter sentido na solidão que torturante à visão alheia lhe conduzia encontro
Não julgava nenhuma suficiência, porque gerava à tudo em passos adiante; fosse em falta, ainda o saberia.
Não atropelaria instantes pois não queria lamentações adiante
A longo prazo brotavam os instantes derramados sobre a folha, que o sossego de estar sentada os produzindo forjou



Isso então quando passou do portão e se disse adiante do portão, portas, assoalho, mobília e destino de própria preservação
Quando a canção mudara outros versos descreveram a órbita, mas dividiam o mesmo sistema
Ao menos na passividade deste dia ela não tracejou rotas para seus passos, e sua rotação não previu nada
E num aguardo sem ansiedade frenética aguarda o realinhamento ou nova eclosão espacial
Para que as condições do tempo aguçem sua percepção, e que de mundos em mundos ela viva o instante em libertação...

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