sábado, 13 de junho de 2009

Terremoto

Uma folha aberta, um coração pulsando rápido demais para tornar-se plausível em gráficos caligráficos.
É tudo para um mundo estranho e ruim, que traz agonia na palidez de um campo vasto com mãos pequenas que querem muito dizer aquilo que a cala.

Aquilo que está explodindo de dentro, cheia de fragmentos mundo a fora: mas nenhum encontro.

Nenhum rastro que ainda que pegasse caminhos alternativos e colocasse seu olhar aonde normalmente não há colírio, estava lá. Porque necessariamente esse encontro não seria de alívio, mas tornou-se uma necessidade. Nada obsessivo, necessidade mesmo - assim como quando a boca sedenta se atrapalha nos próprios movimentos quando sente a água a purificar as vias de vida plena: toda e completamente estava jorrando, querendo um leito para seu manancial - e ele é a encosta.

É mas não está. Ela corre, mas ele é horizonte distante.
A loucura não se aproxima, mas o desespero toma conta. Não tem pra onde fugir. Sorrisos causam boas-vindas,
ela só quer sumir.
Um terremoto urgindo sob seus pés calmos na rua vazia. Vazia demais pra alguém ver o tamanho dessa dor, entender que é mesmo amor.

E nenhum sorriso, nenhum passo, gentileza, conforto, desagregação de conteúdo faz o coração parar e nem o vocabulário se dissolver. Lá fora é frio e o vento não surge para levar a folha embora; até porque a impressão é muito mais que cisco para o espaço - é um risco tão profundo que a epiderme responde encolhendo-se no arrepio, como flor na terra pra nascer.

Terremotos em limiares tão sublimes que o instante das próprias horas não se revelou na própria falta. É a fenda da parte de dentro.

Um comentário:

Michele Moura disse...

Não sei bem porquê, mas
lembrei do Pearl Jam:

"she lies and says
she´s in love with him
can´t find a better man
she dreams in colour
she dreams in red
can´t find a better man"

:)