sexta-feira, 29 de junho de 2007

Meigo-no-hashi

Às vezes ela se assustava com as coisas que ela não via sair, mas que bruscamente estavam à chegar, ou ali estavam.
Porque tinham vontade própria, e mudaram apenas porque ela estagnara.

Só que naquele instante ela viu com o que dava a fonte de ilusão ou de seguimento não era apenas idéia, pois forjava um caminhar e um lugar diferente do devaneio do pensamento - quando estalado no som da chegada, como um pulo - eis o salto do movimento; no pensamento e até então estático redor.

Acreditando que até as sombras poderiam ter a força irreal da vida consciente
Ela representava seus atos com o receio e acolhimento desta liberdade quando dia à dia ou secava suas lágrimas, ou refletia seu brilho no Sol.

Quem sabe fosse a força de uma poesia não-lida em unção completa
As reticências que dentro de si ficavam quando se lia na verdade alheia era um pouco mais de si que quebrava seu casco

Mas não negava o susto brusco que tinha quando o desgosto de ser consciente lhe atacava
No meio do ato mais bonito, e do amor que achava expresso, ela via a falta insegura que poderia lhe causar grandes complexos
Talvez estes mesmos haviam se superado e soletrados em conselhos.
Porque sempre algum tormento garantia um abraço e a certeza de uma importância humana manifestada, numa carência involuntária.

E não adiantava fugir de pessoas que ali em seu peito estavam, porque na forma da folha e na cor do fruto estavam - mesmo distintos, a matéria da vida os forjava, e completavam-se quando vindos de um ciclo e configurados num mesmo caminho.
Nomes eram ditos, e as palavras mesmo que diferente escritas, tremulavam com a razão que identificava a a letra para a lembrança e emoção que bloqueava sua propulsora, à só se deixar, sentir.

Mas ainda esquisita, pouco explorada
Sem a culpa deglutida de si ela se confeccionara fraca por muita força.
Quando sua consciência a derrubara, uma emoção indigente a atacava... Com o nome quase tatoado de sobressalto na pele, ela via que a intensidade da repulsa era só um refúgio do amor que se escondera com a forma de consciência.

Refletiu num instante quando deu seus passos e viu tudo no mesmo lugar.
O que guiara foram os pensamentos e com razão, emoção e contradição forjavam aquilo tudo.
Estava com os pés fora do chão, na vivência plena deste.
E não poderia nem precisaria ser outro momento.




A consciência lhe deu as horas, e começava uma segunda-feira
Colocaria na cabeçeira os pensamentos para amanhã vê-los num movimento da vida.
Estes mesmos na forma sentimental e bruta, pessoal dita.
Contemplava boquiaberta no mesmo paroxismo interno que os pensamentos voavam como borboletas
E no vôo de amanhã, precisaria de si mesma.






"(...) "Meigo-no-hashi: A palavra meigo é composta por dois ideogramas: mei (ou mayoi: perplexidade, dúvida, ilusão) e go (ou satori: compreensão, entendimento, despertar espiritual, iluminação). Em outras palavras, Ponte entre a Ilusão e a Compreensão. (...)"

[Fragmento do livro Musashi (Volume II) de Eiji Yoshikawa]


Imagem por Amélia Vinhal

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