sábado, 25 de abril de 2009

Not for every day, sunshine

O caminho se prestava de uma estranheza visível, gotas de chuva misturavam-se ao suor do dia temperado tão quente, nas condições de existência que passavam-se agoniantes no meio da indiferença, e ressaltadas agora, pela surpresa pra entender a realidade: uma caótica saudade.
O costume da paz pelo nome que desejava gritar mundo a fora resplandecia-se nas aturbulações que frequentavam seu peito em pulsações, e, pulsos, que já não sabem mais argumentar ações de salvação - então o jeito, fôra viver.
Carlos estava calçado sem luxo, sapatos escuros e empoeirados, rastros do tempo correndo, correndo. E vestes escuras, casaco para acompanhar a estação, cachecol para juntar seu gosto a tentativa de recorrer ao tempo por completude; os cabelos desgrenhavam-se ao vento que passeava com pressa pra entender o tempo e desfilar nas existências humildes o poderio do intemperismo: 'do nada que somos, o karma da espera é o que carregaremos'.
-Ah, como é debochado esse tempo soberbo!

E prosseguiu...
Andou seu rumo, guiado por pensamentos que não iriam chegar a lugar algum que fosse a terra em solo de suas memórias correntes e vontades corrosivas de tempo sem prazo, apenas a vaga da vida ressurgindo em suas mãos e acalentando o imutável como eterno inacretável - o fundo de toda realização plena. Largou o livro que tinha nas mão em cima de uma pedra da qual estendia-se comprida, e sentara-se ao lado do mesmo, sem abandono, estava tão distraído que palavras soltas eram borbulhos dessa loucura toda que não tinha fim, -Sabia desde o começo.

À sua frente pairava um lago, e sua tácita impressão da superfície plana para profundidade ser estudada, e sem fundamento, um mergulho sem volta, pra intensidade afogar-se na complexidade do mesmo coração farto - submergindo a si próprio em idéias distantes e tocáveis.
As mãos tocando água para saciar a sede transparente, do fardo invisível de sentir, o sereno que se mostra insípido e essencial.
-como sinto tanto se não posso mais ter?

E a condição das folhas caindo, deslizando sublimes sob a superfície frágil e imprevisível... Ah, entendera que o peso do corpo é o fardo da condição - mas não há válvula de escape pro amor que é sublime e aterrador, ah jogara folhas ao vento de palavras, interrogações ao surdo senhor,
amado, me responda: quando, quando há de o vento devolver-lhe a cor?
E não falamos de vestes ou de cenários, ou do que há por trás da neblina que encobre o fim da história que precipitou-se a um meio em labirinto e universal infinito de recorrer ao inexplicável, é apenas, a significação da palma da mão trêmula, que larga intimidada o que mais adora e parte para o vazio, cercado por montes, barragens, trincheiras, que fazem a mente, infeliz sequer coerente deslizar pelos nervos e limpar os poros para sentir o frio.

Pois estava tão cálido, que derreteu o sol do céu e deu o parto das nuvens cinzas, na confusão de dentro pra fora: chegou como um espelho a água calma por si só - inocente engoliu o último raio do poente, e devolveu pra si mesmo a verdade mais latente; retirou o telefone do bolso, apertou botões como se chamasse a atenção com as mãos, e a combinação chamou ao que atendeu e ele disse: - estou desesperado sem você por aqui.

E o dia, acabou ali.

Um comentário:

Xuxudrops disse...

"Ah, entendera que o peso do corpo é o fardo da condição"

Vivo lutando contra este fardo.

Adorei o fim do texto.Lindo!

Beijos mil, xuxu!