domingo, 26 de agosto de 2007

Rendição

No rosto enfraquecido pela não-presença no espelho
Pôde perceber que aquela falta era uma ausência além do corpo, que poderia gritar de súbito com a alma, com ondas sonoras estremecedoras ao peito
E suavizadoras nas curvas que valem a brisa, o vôo da borboleta
e todas as faltas consumidas pelo dia cinza
Que trescalam saudades nos cabelos chacoalhados pelo vento frio...

Apta à transpassar as palavras para a confiança por si só
Deixou rabiscada a sensação da lembrança sem tons proferidos para inúmeras interpretações
Fosse ela mais pura. Por fusão natural de seus perfumes.
Intimidade única, exalada da cor do jardim,
da flor que cortada foi para enfeitar o vaso da sala,
arrumado por tuas mãos;
com novos perfumes, talvez o odor da memória.

O prazeroso virou bonito, enquanto o espaço pra aceitação contemplativa
violou muito da divisão sensível, compartilhada pela finura de certos momentos
Poderiam ser poucos, mas únicos.

Aquela flor é a mesma dentre tantas, porém única pelo cativo
(Lembrara-se do principiado valor).
Sem algemas para o fluxo, há o encanto evazado em tudo que pode-se contemplar,
sem possessões.
As palavras do que já foi visto lhe dizem, a imagem grava.
Significados... não (me) submetem.

Escreveria, assim que houvesse o que viver
Assim que realmente existisse, e além do sussurro de um desenho,
compreender a virtude das palavras, sem entender.
.
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''Deves ter nascido do gomo de alguma flor
Sim! Alguma flor que desse gomo,
da qual parto levastes, na pele de pétala.
Saceia como fruto com teus lábios,
Saboreia-me da seiva que sustentou teu caule
- imperceptível e derradeiro,
amor.''
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Imagem por Amélia Vinhal

Um comentário:

WaGNeR disse...

Queria comentar algo diferente de "lindo", mas nao consegui por nas palavras a suavidade e a beleza que passa este texto :p


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