quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A Plataforma

Essa vida é de tanto desgaste, que sequer interpreto como mistério visar entre a corrente dos dias, a grandeza do desconhecido; é a apatia mediante o inevitável, mecanismo da chave que só abre as portas dos sonhos, para criar ilusões.

A plataforma ressoa com força essas vibrações todas nos veículos ecoando milimétricas escalas de horários, o caos organiza-se enfileirado, e mediante as paradas metálicas, os espermatozóides explodindo em vida que não quer ser desperdiçada. Correm contra o tempo, e na sua medida, todas as conveniências para comportar o social aceptível.

E daí as pernas pendem tortas e hilárias, os esforços fastiantes do inútil já revelado: se eu, aqui, parada observo, e por mim os ponteiros lentos se encaixam e não param, porque nessa correnteza cega hei de me arriscar correndo nesse solo bruto, como quem passa no fogo e lento neutro-tom explodindo no frio da noite, correrei à matriz que passa igual a todos?


Quem? Quem? Quem vai chegar primeiro?



Cedo ou tarde não se diz quando se vive.

(Texto encenado no ''Clube dos Desgraçados", em 30.08.09)

2 comentários:

Antonio Sávio disse...

Ótimo poder te ler. Intenso texto, poético, refleximo. Parabéns pela arte com com "A" que você faz aqui.
Beijos.

Unknown disse...

Acordei torto e hilário e me deparei com esse excelente texto. É sempre bom te visitar menina. Beijo & abraços!