quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Do fundo da boca

As barbas da árvore pendiam sob os galhos novos e fracos largando a eternidade do que conhecemos nascendo biológica, como próprios fios de cabelo.
Ela fechou os olhos como quem suplicava e não se ouvia, mas os cílios contornavam seu perfume na gota de essência de lágrima que queria se tremular, ali. De fato pediu força, comprimiu seu peito e sentiu o órgão se avolumando no próprio som, ele tão gigante e belo.
E nas suas próprias deficiências, passara a própria força que mostrava-se resistência, a fúria de uma borboleta destituindo-se, espalhando cores por aí.
Do crepúsculo insolúvel e inegável nos horizontes de seus próprios sentidos, no fim de cada dia, o foco principal como ponto-e-vírgula que nunca se calam nela, e na própria palavra não têm fim, porque ela é gosto, e dá fome, é da saliva, ela não toca - ela expande, e alarga os lábios e preenche o espaço quando ele fica completo de novo.

Eu só sei que pelos cílios fortes e sutis que ela regara como arara de cada instante, naquele momento se voltavam em curvatura ao chão, e nos olhos perfeitos a cor, e a submissão do mais querido, sem querer.
E assim que o furacão passou em câmera lenta, trazendo o vento ao longo das horas, ''e aos sorrisos, as notas de perdão sem precisarem ser ditas, braços estendidos e significados tantos nascendo e existindo dos instantes que não se contêm: são preciosos exatamente por isso''.

As estrelas perfuraram o céu, a névoa chamou o cálido aos poros num arrepio e o claro suspendendo o óbvio deixou no mistério a vontade de não-perder (não mais uma vez) - sem trauma, sem palavra, à língua que jura o entendimento insinuando-se, vertiginosa e duvidosa; como marca para adotar o indizível sem narrar o convencional.
Ela só pode ser pura e honestamente revelar a condição que, preferia putrefar os dentes, que tirar aquele gosto, da boca.

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