sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

(''...I can't) Wash (you out my skin..'')

Despiu a escolha de uma hora, e marcavam-se todos os momentos pelo que lhe restava: o maior órgão, a pele tanto tracejada pelo apelo do dia que suportara, quanto pelos sinais desde o nascimento - intransponíveis consagrações do tempo. Abriu as portas do atemporal quando libertou-se afinal, a porta lhe deu mais um espaço livre à mente - ainda na abertura que o comum pode lhe oferecer.
Abriu o registro do indestrutível, alinharam-se as linhas do esperado: gotas e gotas de calma e nostalgia. As principiantes desceram sob seu corpo, marcando as glândulas de seu peito como porto, que chegam e escorrem, pra vivificar o sentir: um sopro que fecha os olhos. E flui como a água a transparência do sentir, como vibram os poros com a tênue prioridade de lavar, a alma.

Ali germinara a conexão do vital, ligando todos
os pontos a matéria de estar emocionada simplesmente real, como o instante para alimentar o inexplicável; e falando dele para existir melhor, existindo-se para ser mais segura. Carmen, uma flor em desabrochar; as gotas lhe caem repentinas e densas, pesam e desequilibram, fechando os olhos para os sentidos restantes vibrarem aos solos necessidades em seus valores, limpa os vícios, retira os pudores, deixa o limpo claro e o claro tão límpido que rasa a pétala suspende a pele para o maior artifício: conhecer-se.


Deixa a pele com o cheiro da pétala mais sublime, pois a matéria da nostalgia abriu as portas e ao personificar-se vem ao teu encontro, abraçar-te.

5 comentários:

Marco Antonio disse...

esse eu achei especialmente bonito, nossa eu só falo isso, mas fico sem fala quando venho aqui..
bom final de semana, Cláudia

Conde Vlad Drakuléa disse...

"Abriu o registro do indestrutível, alinharam-se as linhas do esperado: gotas e gotas de calma e nostalgia. As principiantes desceram sob seu corpo, marcando as glândulas de seu peito como porto, que chegam e escorrem, pra vivificar o sentir: um sopro que fecha os olhos. E flui como a água a transparência do sentir, como vibram os poros com a tênue prioridade de lavar, a alma."
Cada vez mais fascinado com tua capacidade poética infinita querida Iara :)

Beijocas do conde, Flap!Flap!Flap! Voei...

Michele Moura disse...

um banho de chuva
um banho de chuveiro
um banho de lágrimas
um banho de setimento
um banho de cheiro
um banho de flor
um banho de anjo
um banho de ti

eu fico boba...

R., R., Rosa disse...

eu ainda estou buscando qualquer coisa para dizer.
prefiro nada.
quando algo se cria, fica melhor assim, pra mim...

Mariana Zambon Braga disse...

sem palavras, muito bom!