quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Homem e a sua doença

Um caminho curto pra distrair o que é imprescindivelmente longo, ou ainda, de tamanho impreciso é inerente a curiosidade incontida, a vontade de expressar o manifesto, e olha-se de soslaio para o que na mesma matéria, à esse homem culpa prende.
O tácito desejo cálido que percorre tão ávido os instintos de devorar-se; de boca húmida e desejo rijo, em ocupação distante a mente ilusiona a vida diferente, das dores, quase imune. Pudera o homem ver sua alma de fronte ao espelho quando se repara, se apronta, enquanto se consome, não percebendo que os seus sentidos se tornam todos bocas devoradoras, e o medo é fome, a confusão é gula e a ânsia é mais e mais...! Ah os seus nervos não se alongam ou partem as pontas em longos sorvos ou curtos casos; a memória não subtrai o que é cru, o coração não dissipa o que lhe ocorre.
E na divisão a falta indica o íntegro, a sensibilidade a tona, a natureza do grito, e por conseguinte, o suspiro, o elevar de um poro, a lembrança ao tom em ouvidos, o olfato é a memória que o sentido de avistar observa longíquo tudo o que lhe trouxe sem comprometer-lhe, bastou-lhe formar o peito como abrigo para ter o afago tímido de saber encontrar-se. é na lonjura que a silhueta se apronta por inteiro, e se é medo, assombra, e se é amor, se entrega.
As descobertas restantes são átimos do que não se conclui no selvagem que nos contorna no ritmo das palavras, no frenesí que a sabedoria humana conserva nos escritos da memória de comportar o viver, e no deslize, uma vivência que se reforma na pele que pétala dissipa,
é a Flor do homem que renasce; é a verdadeira história de todos os causos que a febre ansiosa do Homem e sua doença, soubera anestesiar. (-maldita hora)

8 comentários:

Michele Moura disse...

"e o medo é fome, a confusão é gula e a ânsia é mais e mais"

"e se é medo, assombra, e se é amor, se entrega"



Uma(s quantas) lágrima rolou!
Lindo!

Conde Vlad Drakuléa disse...

Como é incrivelmente rica e complexa tua poesia... Leio, leio, releio, torno a ler, extasiado, sem palavras, boquiaberto, transformado em pedra pela beleza de tua prosa e verso :)
Um anjo passou por aqui? Não, foram dois, Michele e Cláudia!
Beijos e abraços :)

Marco Antonio disse...

como consegues falar isso?
é a tradução do que não se traduz!
gostei muito!

R., R., Rosa disse...

Da nomenclatura retira-se definição perfeita para o que acompanha integralmente nossa condição.
Enfermidade incurável. No homem, tudo inacabado; criatura meio perfeitra, meio partida.

(L)

Sofia disse...

"Pudera o homem ver sua alma de fronte ao espelho quando se repara, se apronta, enquanto se consome,"
lindo,lindo!
eu sempre passo por este blog,hehe.
;*

Mila Cardozo disse...

tudo muito tenso... e intenso...
Adorei a imagem... só não sei se no final das contas ela é assim boa... ou trite...hehehehe
Beijos Mila

Adrielly Soares disse...

"bastou-lhe formar o peito como abrigo para ter o afago tímido de saber encontrar-se."

Gosto.
Entendi pouca coisa. =S

Beijo linda.
=*

Xuxudrops disse...

Infeliz aquele que pode ver sua alma defronte ao espelho enquanto sorve os dias, a amargura u a bonança, enquanto tudo se esvai.Perde o tempo, porque ele se vai, e não poupa a alma nem o corpo de ninguém.
Apóio aqueles que olham janela afora e a pulam num salto só!

Beijos e bom 2009!