sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Estranhos no espelho


Ela o vira encostado na mesa de sinuca, com outros completando o espaço com o sorriso de agrado, entre a fumaça dos cigarros de vícios alheios a sua virtude de simpatizar com o adverso - uma figura de batidas crescentes entre a música e as observações ditas altas aos ouvidos, tantas falações...

e do que se dirá no próximo silêncio?

(...)

Ela chega percorrendo o espaço com seus passos insinuosos, acompanhando a música que há tempos se resguarda nas intenções, e não tão-somente nos movimentos. Estava lá, preenchendo o concreto cru de cimento, as paredes vermelhas e as luzes reluzentes, em seu vestido negro, agora entrecortado por todos os elementos descritos. Por quem incorporou o som como respirar, embala-se...

É um desperdício até, invade a mente. Minutos passados de todo o expurgar de sua mente para aquele sentido, que transgrediu tantas compreensões e a faz neste momento – não tão somente bailar, mas esboçar no sorriso final um desespero pela simpatia de controlar o agradável, tentando permitir sempre, o encontro com mais seres desencadeados de si, no turbilhão dos outros.

A busca por divertir-se sem entreter de fato o responsável por isso faz com que se deixe esquecer, de sentidos de cuidado e aguçar o contato deixando entrar na boca o anestésico da razão, a desculpa perfeita para o desequilíbrio.

E queima a língua, e dela faz tapete para despudores e instigares de olhares que já lhe acompanhavam, degustando através de uma linha tênue, o limiar da fome, seduz um conjunto, mas não quer saber do todo.

Acima de todas as vergonhas é charme explícito pra quem no mesmo salto, depois, na queda da cama vai usá-la e deixar mais um sorriso, e um conseqüente cansaço do corpo para a barreira que lhe foi arremessada,sem sequer apontar motivos. E daí, o sono. E o encontro com o feitio e a aceitação de igual imaginar 



E depois da aurora, o silêncio. E o despertar vira realidade, solavancos na cabeça para arremessar o peso do que lhe abateu naquela noite como cócegas, mediante tantos sorrisos. Andou cambaleando até a porta do quarto, procurou interruptor para a luz, mas antes de enxergar, a luz do sol lhe veio aos olhos e este desconforto já lhe trouxe consciência de horas, e um desconcerto ao olhar o espelho: ninguém lhe dissera que não ficava mais atraente longe de si mesma.

Mais uma côrte, refinada de reinar intensidade sob seus passos fez entender que o tapete verde estendido para os corpos estirarem seu cansaço são vermelhos assim que as línguas se estendem, assim que as falas fazem a chegada da realidade do ser embutido em chegadas e partidas, até a próxima chegada. 

Eles conseguem.

Mas ela sabe que não tem como, usar a lua como cápsula de morfina. A boca tem um céu particular. E no seu pequeno infinito, ele é a estrela cadente que foi tão, mas tão adentro, que o coração é sempre cálido; e agitado, tão agitado, que nem a noite na sua eternidade, aprendeu a agüentar...

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