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Essa vida é de tanto desgaste, que sequer interpreto como mistério visar entre a corrente dos dias, a grandeza do desconhecido; é a apatia mediante o inevitável, mecanismo da chave que só abre as portas dos sonhos, para criar ilusões.
A plataforma ressoa com força essas vibrações todas nos veículos ecoando milimétricas escalas de horários, o caos organiza-se enfileirado, e mediante as paradas metálicas, os espermatozóides explodindo em vida que não quer ser desperdiçada. Correm contra o tempo, e na sua medida, todas as conveniências para comportar o social aceptível.
E daí as pernas pendem tortas e hilárias, os esforços fastiantes do inútil já revelado: se eu, aqui, parada observo, e por mim os ponteiros lentos se encaixam e não param, porque nessa correnteza cega hei de me arriscar correndo nesse solo bruto, como quem passa no fogo e lento neutro-tom explodindo no frio da noite, correrei à matriz que passa igual a todos?
Quem? Quem? Quem vai chegar primeiro?Cedo ou tarde não se diz quando se vive.
-Ah eu já sabia que era triste... sempre fui.
Assim que nasci, me tornei.
E quê fazer? O acaso do mundo não me resolve, apenas aponta a realidade, e aqui estou de mim por ela, ela não faz nada por mim.
Eu que sou triste me decepciono com a alegria que vêm e passa, voltando a ser triste, ao que realmente sou.
E que no fim não é defeito, é minha essência se descobrindo melancólica, nublando os cabelos e aguando olhos, não fugindo do que a natureza pode ser.
O grande vazio é que a vida me contornou a querer, e já não querendo ser triste eu fujo de mim e vou querendo...
Eu já não sei, e me calo. O coração pulsa, e dizem por mim, para que seja de ti, também:
''(...) a tua cabeça está cheia de borboletas estrídulas
(...) E, na verdade, o que eu tenho, é uma alma de violoncelo - grave, profunda, triste...''
( Um desbotado pierrot.)