Não é porque eu, galhuda, fico esperando-te que devo ficar com as sementes das frutas que distribuis ao mundo.
Da semente infeliz caída ao meu solo pode brotar folhas apenas, aquelas folhas, de inveja, logo podres de vingança*.
_____________Ah, eu não espero (não quero).
[Ciscos do vento: ciúmes ]
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Quero que com minhas folhudas oferendas, possa banhar-te calmo e à vontade da finura de tuas asas. Que nenhum arrepio transpasse por meus galhos enquanto te cuidas concentrado, à não assustar-te e atingir o ponto cru a não quereres mais em meu caule aninhar, o centro de meu peito.
Ó em ti meu doce passarinho, desamparado caminho do porte da vida, eu desejo que transpassem em mim - delicadas como tu, as fendas do sol borbulhando a doçura do dia, no desabotoar difícil de teus olhos; para quando adaptarem-se, o brilho da manta azul que te chama à aninhar tuas doces asas, tu olhares para mim, receptáculo de teu cuidado. E no suspiro primeiro de teu dia, exalares todo o amor decorrente em teu gorjeio ao sorrires-me: Bom dia!
Curando todas as insônias de meus cuidados, uma colher de chá matinal de teu carinho.
___________Novo vento agora, sacode os meus ninhos.
Ah, Rita e Clarice* , vocês me inspiram por demasia!
Imagem por Pablo Gamba