Ah, mas de todas as bocas que beijei nenhuma equipara saciação como alguma...
Das bocas tantas que beijei eu permeei por cálices longos e extravasados de desejo, repletos de intenção que não cabiam nos lábios e os gestos afloravam-se, para minha comodidade ou repelimento. Ah, foram tantos que minha memória já não se cumpre com tamanha eficiência.
A tranquilidade de outros foram marasmos de fluxos despretenciosos, ou sem linhas de vontade, sem a ânsia pelos sinais da continuidade; eu recai amena, ou abri os olhos para fazer sinestesia e cumprir o gosto. Outros penetrantes tão de leve incluiam a libido percorrendo alta e selvagem, na densidade que cuida sedutora, ou escandalizada libertinagem ao mandamento de instantânea saciação. A dominância dos que me envolviam poderiam-me carregar a encontrá-los no céu de seus paladares, achando do agridoce o vazio; cumprindo o imperfeito para minha amostra tão imprecisa, tão mutável.
As impressões dos lábios me marcavam com linhas de cor, de cansaço, de vontade, desapego e junção. Eu mutei-me pausadamente no emaranhamento de cada pele, sentindo a textura para consolidar minha posição; distante, leve, solta, entregue. Adjetivações das quais só a língua pode sintetizar plena em minha boca.
Senti falta de compreensões das rudezas que me apresentaram sem colher os frutos das combinações; a ligeireza fez repulsa ou frenético ritmo da convulsão dos corpos por mais e mais.
Fechei-me como túmulo e pude delas também sentir o ar de quem espera, e o suspiro de quem me vela, o vento das palavras de quem me carrega fez a secura, o amargo perdurar na mesma insistência da doçura, do apaixonante. Dentre as salivas que provei, lambuzei-me nas possibilidades das decorrências com as excitações do momento percorrendo-me na mais despudorada dos concebimentos.
Deixei-me avulsa e aberta para as descobertas dos intencionados; descobrindo-me nos céus através de um pedaço de matéria, no sorriso e no escarro que me engoliram e me deram líquido para o Graal da poesia.
Não me interessam as palavras para chegar até; a atração como imã impulsiona o pêndulo das conquistas, e todos os cantos e ares propiciam quem se proprõe. Provei para desgustar e regujitar, para calar e ser calada. Sem saber quem sou, rumei por todos os personagens e fiz histórias, criando caminhos e precipícios.
Basta!
As razões não me dizem ao que me saceia, a boca que me falta é a minha própria; para na fluência toda eu silenciar e descobrir nas flores que me cercam, o aroma da perspectiva que grita meu passado e meu destino.
Sem a menor das crenças, com a falta na bagagem; falta-me a boca pra expressar a fome que sinto e que só este tempo incrédulo pode me guardar.
Guarnecer é preservar o que só o silêncio e a inquietude de minha pose pode provocar.
Mordisco agora o insensato dos meus pesares e prazeres; (a)nulo desconhecido.
..........Obrigada por ao abrir meus desejos, deixar a vontade me guiar.
.........................................................In-saciada, Antonina.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
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8 comentários:
bem, eu, sinceramente, não sei o que posso dizer. e como seria de costume, faria um comentário chulo e juvenil, como todos os outros que fiz; mas hoje me rendo as minhas preguiças pra lhe dizer que sentimentos brotam no âmago de mim e voam até meus olhos, condensando-se em lágrimas.
amo; e beijo.
Valeu a vista!
inté já!
#Lucas
a foto é linda. oO
muito bonita mesmo.
"Provei para desgustar."
só pra saber o sabor.
Gosto. [ do verbo gostar. ] ;)
Incrível!
Se é necessária muita sensibilidade prá postar um texto desses.
Parabéns!
Olá Cláudia,
como luiz melodia canta sobre o beijo
..você escreve ..lindo
@h!br@ços,
tadeu filippini
Haha, como achou meu blogue?
Faz tempo que não posto nada nele porque estou trabalhando num fanzine (não sei se você sabe o que é - uma revista amadora, underground).
Putz-grila, também sou de Blumenau. :)
Você tem umas palavras boas.
Orkut?
amplexus.
tudo muito lindo, vizinha, mas... explica.
porque dois, um em branco e outro em preto? estados de espírito?
:)
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