Ela o
vira encostado na mesa de sinuca, com outros completando o espaço
com o sorriso de agrado, entre a fumaça dos cigarros de vícios
alheios a sua virtude de simpatizar com o adverso - uma figura de
batidas crescentes entre a música e as observações ditas altas aos
ouvidos, tantas falações...
e do que
se dirá no próximo silêncio?
(...)
Ela chega
percorrendo o espaço com seus passos insinuosos, acompanhando a
música que há tempos se resguarda nas intenções, e não
tão-somente nos movimentos. Estava lá, preenchendo o concreto cru
de cimento, as paredes vermelhas e as luzes reluzentes, em seu
vestido negro, agora entrecortado por todos os elementos descritos.
Por quem incorporou o som como respirar, embala-se...
É um
desperdício até, invade a mente. Minutos passados de todo o
expurgar de sua mente para aquele sentido, que transgrediu tantas
compreensões e a faz neste momento – não tão somente bailar, mas
esboçar no sorriso final um desespero pela simpatia de controlar o
agradável, tentando permitir sempre, o encontro com mais seres
desencadeados de si, no turbilhão dos outros.
A busca
por divertir-se sem entreter de fato o responsável por isso faz com
que se deixe esquecer, de sentidos de cuidado e aguçar o contato
deixando entrar na boca o anestésico da razão, a desculpa perfeita
para o desequilíbrio.
E
queima a língua, e dela faz tapete para despudores e instigares de
olhares que já lhe acompanhavam, degustando através de uma linha
tênue, o limiar da fome, seduz um conjunto, mas não quer saber do
todo.
Acima de
todas as vergonhas é charme explícito pra quem no mesmo salto, depois, na queda da cama vai usá-la e deixar mais um sorriso, e um conseqüente cansaço do corpo para a barreira que lhe foi
arremessada,sem sequer apontar motivos. E daí, o sono. E o encontro
com o feitio e a aceitação de igual imaginar
E depois
da aurora, o silêncio. E o despertar vira realidade, solavancos na
cabeça para arremessar o peso do que lhe abateu naquela noite como
cócegas, mediante tantos sorrisos. Andou cambaleando até a porta do
quarto, procurou interruptor para a luz, mas antes de enxergar, a luz
do sol lhe veio aos olhos e este desconforto já lhe trouxe
consciência de horas, e um desconcerto ao olhar o espelho: ninguém
lhe dissera que não ficava mais atraente longe de si mesma.
Mais uma
côrte, refinada de reinar intensidade sob seus passos fez entender
que o tapete verde estendido para os corpos estirarem seu cansaço
são vermelhos assim que as línguas se estendem, assim que as falas
fazem a chegada da realidade do ser embutido em chegadas e partidas,
até a próxima chegada.
Eles
conseguem.
Mas ela
sabe que não tem como, usar a lua como cápsula de morfina. A boca
tem um céu particular. E no seu pequeno infinito, ele é a estrela
cadente que foi tão, mas tão adentro, que o coração é sempre
cálido; e agitado, tão agitado, que nem a noite na sua eternidade,
aprendeu a agüentar...