quarta-feira, 21 de março de 2012

-

O silêncio que a envolvia não era a melancolia que sugeria desencantada. Disse a si mesma que não afastaria pássaros, mas de seu voo em sossego difuso, a melodia viria ramificada; como se seus nervos florescessem as árvores do outono.

Mas que presságios, o que envolvia pensamentos era uma via de caminhos múltiplos, embora os pés estivessem parados. A vivência do gosto de uma lembrança, o tilintar do tempo envolvendo até as curvas dos cabelos, eram reais histórias das linhas de seu corpo. Era idade, era sorriso, lágrima, uma tatuagem.

Nunca fugiu da essência pois as estações expeliam sempre a vida como brilho e escuridão de cada dia - sem oração que cumpra, mas as palavras todas que registram em até um pedido pra cessar a fome.

Bilhetes curtos pra expressões intensas. Tudo se resguardando simbólico pra explodir inexplicável. Se tudo a de se perder, que venha o apego, junto da intrasmutável transformação. Tudo que se une e permite, multiplicará razões e fundamentos pra gerar mais e transbordar sempre.

A linha da loucura, da satisfação, do dessasossego. Encher a boca do veneno que se brinda, do sorriso que se reprime nas indiferenças corrosivas pra alargar ainda mais as risadas do bem-querer. Ao campo de observar pela mesma cor dos olhos e quebras nos alfaltos.

Recriar-se por dedos cansaços, retirar as aspas pra concluir a si num quarto de poesia. As paredes de si mesma balançando a renovação junto de todo o tempo vivido e sonhado. Os olhos abertos clamam a imaginação porque tudo que pulsa, grita, provoca, é chama pra ferida; calor e cor de sua própria tranquilidade. Gozar da falta por não ser ausência, cria o tesão como a flor rubra pintada nas unhas, vibrando o que Ela toca.

Nem tudo se sabe como é envolvido, mas virá a explodir no convívio desse delírio. Com um pouco dela ou um pouco de si... virá sim, é de despertar-se.


Nenhum comentário: