quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A menina das mãos pequenas e dos grandes feitos

Vista numa abertura da janela vitral, havia ela e suas insistentes madeixas, tão sedutoras.
O vento trazia respaldos de movimentos empurrados, até a chegada naquele corpo,
no cubículo quadriculado que a abraçava;
pois tão bem aninhada nos lugares, clamava sem súplica o aninhamento de um filhote
- e dos olhos de quem a tinha sobre as vistas.

Ela, deslumbrava serena o contorno da sua existência.
Para começar consigo - aos alvos-chave de seu corpo - por suas mãos, pelo encantamento provocado pela voz, o caminho de seus olhos, o reflexo, em sua alma.Variava posição da prontidão, criando por cima dela, colorindo-se ao que apetecia a altura de suas mãos; num esmalte, no modelito.

Recortava-se na paisagem criando um álbum de fotografias para o seu corpo no tempo diversificado - praticando a conversão de sua consciência, a candura do simbolismo condicional;
que não crêra vivo se não satisfatório, sorridente por alguma expressão.

Sentia-se colaborando com a passagem dos anos, marcada nos traços de sua personificação, cuidadosamente selada pelo sussurro da experimentação existencial - delicada como o dedilhado de fundo musical, essencial ao sopro do vento como o balançar das cortinas - como incentivo por entre o frêmito de seus cabelos.

Cuidando fio-a-fio da elasticidade das condições, determinava possibilidades às figuras impessoais; tanto quanto beijar uma flor, quanto amar uma estrela, aos conselhos do que chegou com o vento.

De súbito significado, seus órgãos movimentaram a vida, desde que sustenta-se de sua docilidade tão decidida, à folha branda, da sua sensibilidade escrita.

Passara pelos ladrilhos e prometera versos que inspiravam de qualquer forma, como desenhos tatuados na parede - de fria tinha seu ânimo (por vezes); de seus desenhos, suas ânsias.

Suas mãos pequenas tateavam seus sentidos completos; de seus sorrisos à suas manias prestadas, variava fio-a-fio a textura de suas virtudes viciantes, incontidas.

De beleza, soava excentricidade; em seus atos, alguma malícia, estratificava aos olhos alheios sua vitalícia, sua curiosidade contida nas respostas esvoaçadas nas circunstâncias, e no recurso íntimo do ser em cada instante.

Sentada sobre as mãos deslumbrava as notas de seus suspiros encontrando-se por outros, tecendo-se em flor implantada pelo tempo; de todos os horizontes decididos por medo, por acompanhamento.

Um estalar de dedos, ainda de mãos pequenas, desviam e chamam a pontuação da atenção; é a vida, é uma menina; debruçada e atenta, esvoaçada na expansão dos mínimos feitos, na máxima identificação.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

1/3 da gota

Derramada sobre o fluxo da apatia pela chuva corrida, passava-lhe pela cabeça todos os acontecimentos movidos, por essa apatia.
Circulando por lembranças, fatos do hoje envocaram desespero, deixaram a apatia clara ali, exposta aos seus pés fragilizados pela proteção fina de um pedaço de pano - pelo clima clemente de aconchego. Deixou-se por si encarregada, carregada de súbito preenchimento natural, de seu pensar vazio; que pesava no que ausentava.
Cada minuto corria como as gotas exasperadas da chuva clemente, do tempo presente cheio de passado, todo corroído pelo futuro............ apático.
Estava completamente derrotada pelo que escorria em seus rosto, invadia suas mãos; o solo lá fora, a luz do céu, a cor da paisagem. Clamava melancolia quando submersa nela.
Clamava versos quando destituída de proteção. Numa grande e significativa rouquidão por disposição, encolhia-se perceptivelmente, sem vontade de esconder-se.

Seu corpo grande encolhera-se numa figura de casulo, numa expectativa densa de abrir o tempo e florescer encanto, brotar movimento para além da espera, para além da apatia, para além das palavras.

Fragilizada pela chuva, pela culpa que caira sobre si própria.
Não eram etapas do tempo que a corroía, era o súbito vazio que o novo vento abatera quando abriu a janela, e esvaziou a sala, o quarto, do aconchego de seus pés apressados para abraçar o que agora, saíra para fora e molhado, gelado, está simplesmente, apático.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Amantes

Pontos ininterruptos de interrogação
E nuas respostas esclareciam ao consentimento dos olhos fechados e gesto mudo do corpo
De vontades insinuosas escorridas ao vinho experimentado no interior do sustento requerido;
feiche de vitalícia com pão à lábios, que degustam a virtude dos impulsos.

Gestos adocicavam os brutos movimentos da cumplicidade erótica, por fúria acalmada de sua selvageria na própria seda envolvente de epiderme, essência estendida, na nitidez;

Sensações despidas nas curvas nobres das palavras
Letra por letra que engole razões insolúveis de exatidão sonora
Caprichadas nos ruídos dos enlaçes, para a sinfonia dos impulsos que tremulam, e
harpejos que desejam

Cantam os suspiros, coreografam conforto.
Cúmplice linguagem dos sentidos
dissolve a ponta dos dedos no toque da exposição exata,
deixa tão claras as satisfações, que frizam as superfícies, para lembrança da matéria

Sinfoniza desejos correntes à movimentos prezados
De maestria envolvente e poses intocáveis do amadorismo
Sob o conjunto sem tez desta vis(i)ta pouco esclarecida.